Organizações não governamentais ajudam moradores a produzirem, eles próprios, jornais e programas de rádio com assuntos de interesse da comunidade.
Walter Alves/Gazeta do Povo
O educador Silvio Gonçalves (à dir.) percebeu que precisava se aproximar da garotada conectada e iniciou projetos de comunicação no contraturno
Organizações não governamentais e movimentos populares usam a comunicação como forma de mobilização social e promoção dos direitos humanos. Diversos projetos ajudam as comunidades a criar suas próprias ferramentas – como jornais e rádios comunitárias – e assim dão “voz” aos moradores. Além de informar, nestes casos a comunicação tem o objetivo de trazer melhorias concretas para a vida das pessoas.
A partir de projetos de comunicação, os meninos e as meninas atendidos pelas ONGs Alvorecer e Lar Fabiano de Cristo, no bairro Cajuru, aprofundaram conhecimentos sobre o computador e as novas mídias sociais. O educador Silvio José Schorrecke Gonçalves percebeu que precisava de novas metodologias de ensino para se aproximar da garotada conectada. Foi com a criação de um gibi on-line que, por exemplo, as crianças e os adolescentes aprenderam a utilizar programas de edição e apresentação de textos.
Em outra atividade, os participantes criaram um programa de auditório, editaram as filmagens e compartilharam o material pelas redes sociais. Quem tem celular também aprendeu a fazer pequenos vídeos. Com o apoio dos materiais, garotos e garotas discutem os problemas e a identidade do bairro.
Gonçalves trabalha com comunicação desde 2003, quando ajudou a implantar uma rádio comunitária em uma escola de Trancoso, na Bahia. O programa criado por estudantes era o de maior audiência na rádio. A partir do projeto Jovem em Cartaz, os adolescentes foram às ruas para fazer filmes sobre os problemas da cidade, depois exibidos aos moradores.
A ONG Alvorecer foi criada em 1992 e atende a 210 crianças e adolescentes de 5 a 18 anos com atividade no contraturno escolar. Os mais velhos participam do programa Adolescente Aprendiz e são encaminhados ao mercado de trabalho. A vice-presidente da instituição, Rosangela Aguirre de Castro, explica que o foco é a promoção integral de famílias em situação de pobreza extrema. Cada família é acompanhada por cinco anos e, segundo um estudo da ONG, 38% delas deixam a miséria após o período de apoio.
Envolvimento
A estudante de Jornalismo Juliana Cordeiro, 20 anos, já pode ser considerada uma veterana em mobilização da juventude. Desde os 14 anos ela participa de projetos que envolvem comunicação, cidadania e participação política. Atualmente, é uma das principais articuladoras da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores (RNAJC). A proposta é unir garotos e garotas de todos os estados do país e integrantes de diversos movimentos de luta por direitos humanos. Em pauta estão políticas para a juventude, criminalização dos jovens e democratização da comunicação. “Percebemos que a gente poderia também produzir conteúdo, em vez de somente consumir”, diz Juliana.
Com o apoio da organização não governamental paulista Viração, que produz uma revista elaborada integralmente por jovens, a rede mobiliza garotos e garotas, faz coberturas temáticas e acompanha políticas públicas. Eles estavam, por exemplo, na cobertura das conferências da juventude, que culminou na promulgação do Estatuto da Juventude, e no Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em 2012, estarão na conferência Rio+20. “O jovem de hoje não é alienado. O momento político é diferente da ditadura militar e hoje nos mobilizamos de outras formas, por meio das redes sociais, por exemplo”, conta Juliana.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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