Velocímetro foi maior fator de risco para os acidentes fatais. Embriaguez ao volante, segundo fator, foi apontado como o principal vilão por sistema pontuação.
O abuso de bebidas alcoólicas e o excesso de velocidade foram responsáveis por 120 de 183 acidentes de trânsito fatais registrados em Curitiba – 65% do total. A conclusão partiu de um levantamento realizado pelo Comitê de Análise dos Acidentes de Trânsito sobre 71,5% das 256 colisões que tiraram 261 vidas em Curitiba em 2012.
Em termos porcentuais, o velocímetro foi o primeiro fator de risco para os acidentes fatais (35% dos casos). Mas a embriaguez ao volante, mesmo sendo apontada como segundo fator – 56, o que representa 31% do total –, acabou como o principal vilão para as mortes no trânsito curitibano por conta de um sistema de pontos do comitê, que atribui notas para os acidentes, podendo incluir até cinco causas com pesos diferentes.
“Muitas vezes os dois fatores (álcool e excesso de velocidade) estão associados, Além disso, há casos de subnotificação da embriaguez, já que o motorista alcoolizado causador do acidente pode ter fugido e não constar nos registros oficiais do caso”, diz Vera Lídia Oliveira, da Secretaria Municipal da Saúde.
Apesar de considerar os dados alarmantes, Vera Lídia acredita que eles diminuirão em 2013. “Como a lei seca mais rigorosa é do fim de 2012, ainda não temos reflexo da nova legislação nas estatísticas. Neste ano, esses números devem ser menores”, argumenta.
Lei Seca
A primeira Lei Seca passou a vigorar no país em 2008. Em março de 2012, porém, a legislação foi esvaziada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que colocou o bafômetro ou o exame de sangue como obrigatórios para produzir a prova da embriaguez. O cenário voltou a mudar em dezembro, quando uma nova lei dobrou a multa para o motorista alcoolizado (de R$ 957,70 para R$ 1.915,40) e permitiu que vídeos e relatos sejam usados como provas.
Ainda não há dados sobre as causas dos acidentes registrados em 2013, mas já é possível afirmar que o recrudescimento legal elevou a quantidade de multas a motorista embriagados. Até julho, o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) havia emitido 1.196 notificações a condutores alcoolizados em Curitiba – 40% a mais do que no mesmo período do ano anterior, quando a legislação era mais branda.
A identificação das causas é um importante instrumento para que o número de mortes no trânsito da capital paranaense mantenha a curva de queda dos últimos anos. O total dessas ocorrências em 2012 (256) é 17% menor do que o registrado em 2011 (310), que por sua vez já havia sido menor do que o número de 2010 (320). De acordo com o BPTran, entre janeiro e 15 de agosto deste ano, 37 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito em Curitiba. A polícia, porém, considera apenas os óbitos no local do acidente.
Sozinho, volume de multas não reduz o número de acidentes
O cruzamento das informações sobre o segundo principal fator de risco dos acidentes fatais mostra que sozinha a fiscalização não é suficiente para reduzir essas ocorrências. Responsável por 35% dos acidentes com óbito registrados em 2012 (64 casos), o excesso de velocidade foi a ocorrência que mais gerou multas naquele ano: 273.162 autos lavrados.
Por conta desses números, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) afirmou que a política de segurança no trânsito de sua gestão deverá se pautar mais em educação do que em fiscalização. Na semana passada, ele declinou do edital que regularia a compra de novos radares e disse que manterá o aluguel dos atuais. A meta da prefeitura é reduzir em 12% a quantidade de óbitos no trânsito da capital até 2016.
Campanhas
A prefeitura já havia anunciado que investirá R$ 2,5 milhões para campanhas educativas até o final deste ano. No último dia 15, por exemplo, foi lançada a campanha da “Vó Gertrudes”, na qual uma idosa fala sobre a importância do respeito às leis de trânsito e também sobre os riscos de dirigir após beber. Serão quatro filmes exibidos na rede aberta de televisão tratando de pedestres, ciclistas, motoristas e motociclistas, além de incursões nas redes sociais.
Risco
Idosos têm mais chances de serem atropelados
Além dos fatores e condutas de risco que mais causaram acidentes fatais em Curitiba, o Comitê de Análise dos Acidentes de Trânsito também se debruçou sobre o perfil das vítimas. De todos os 256 acidentes fatais registrados naquele ano, 107 vitimaram pedestres – sendo que 36 tiraram a vida de pessoas com 60 ou mais anos. Esses dados demonstram ainda que as chances de um idoso ser atropelado na capital é sete vezes maior do que a de um estudante do ensino básico. A taxa de atropelamento fatal por 100 mil habitantes entre pessoas com mais de 70 anos é de 28,6. Já entre a população considerada escolar (8 a 15 anos), essa taxa é de 3,9. A causa dos atropelamentos também foi identificada pelo comitê. Em 27 dos casos de atropelamento, a causa principal foi “transitar em local impróprio”. O problema é que em 11 desses acidentes (40,7% dos casos) não havia infraestrutura viária adequada, como faixa de pedestres, semáforos ou calçada.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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