quarta-feira, 31 de julho de 2013

Top 100, Teliana busca agora vaga em Grand Slam.

Atleta radicada em Curitiba quebra jejum de 23 anos ao figurar no grupo das 100 melhores do mundo. Objetivo é chegar ao US Open sem repescagem.

Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo
Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo / A tenista Teliana Pereira, número 1 do Brasil, treina na Academia Paranaense de Tênis (APT)
A tenista Teliana Pereira, número 1 do Brasil, treina na Academia Paranaense de Tênis (APT)
Número 100 do mundo. Esse era o objetivo para 2013 que a tenista Teliana Pereira conquistou nesta semana. Com a atualização do ranking mundial feminino na segunda-feira e com a queda de Thomas Belucci para a 115.ª posição entre os melhores jogadores do masculino, a pernambucana radicada em Curitiba também é a brasileira com a melhor campanha internacional nas quadras.
Ela quebrou um jejum de 23 anos – a última vez que uma brasileira figurava no Top 100 do tênis mundial foi Andrea Vieira, quando ocupou a 95.ª posição por uma semana, em abril de 1990. Apenas outras três tenistas do país haviam ficado entre as cem melhores do planeta: a curitibana Gisele Miró e Niege Dias, ambas em 1988, e Maria Ester Bueno, entre 1959 e 1960. Todas tinham menos de 22 anos. “Hoje as tenistas estão conseguindo chegar mais velhas a postos mais altos. E, no meu caso, me considero ainda com 23,5 anos. Não conto o 1,5 ano que fiquei fora das quadras me recuperando da lesão no joelho”, diz Teliana, 25 completados há 11 dias.
Em 2009, ela começou a ter problemas no joelho direito, que exigiram cirurgias e um longo processo de recuperação. Perdeu patrocínios e posições no ranking mundial. A demora em retornar às quadras levantou dúvidas de que iria retomar o status de promessa da modalidade (em 2007, foi bronze nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, jogando em dupla com Joana Cortez).
No período mais crítico, rifou raquetes. “Apesar de todas as dificuldades, nunca duvidei que iria voltar a jogar bem. Isso graças às pessoas que tenho a meu lado. Claro que fiquei muito feliz em atingir minha meta, espero que isso abra mais portas para mim e para outras atletas do Brasil”. fala.
Teliana é de uma família que vive o tênis. Quando seu pai, José Pereira, veio para Curitiba, deixando a vida de boia-fria no sertão pernambucano, foi contratado para cuidar da manutenção da academia de tênis de Didier Rayon. Depois, trouxe a mulher e os sete filhos para a capital paranaense. As crianças trabalhavam de boleiros dos alunos e logo começaram a jogar com raquetes emprestadas. Hoje, Renato, um dos irmãos, é o técnico de Teliana.
Ela fica junto da família até a próxima quarta-feira, quando embarca para competir nos Estados Unidos, onde começa a temporada em piso duro. Na agenda, estão disputas em Cincinnati e New Haven, preparatórios para tentar encerrar outro jejum nacional: quer uma vaga no US Open. Se conseguir, será a primeira brasileira em 20 anos a disputar um torneio do Grand Slam na categoria principal. Por sua posição atual no ranking, precisa da desistência de três jogadoras pré-classificadas para não ter de disputar o qualifying.
Neste ano, ela ficou a um jogo para fase principal de Roland Garros. O “quase”, contudo, lhe deu mais experiência, diz. “Minha melhora em quadra é principalmente mental. Boa parte por acompanhar a rotina das melhores do mundo e estar entre elas. No último jogo do qualifying em Roland Garros, acabei pensando demais que a classificação estava próxima e não joguei tão bem. Mas tudo tem seu tempo.”
Revés
Em péssima fase na carreira, o tenista brasileiro Thomaz Bellucci foi derrotado novamen­­te ontem. Número 115 do mun­­do, ele foi eliminado logo na es­­treia do Torneio de Kitzbuhel, na Áustria, ao perder uma batalha para o espanhol Guillermo Gar­­cía López, 72º colocado no ranking da ATP, por 2 sets a 1, com parciais de 6/7 (1/7), 6/3 e 7/6 (7/4), em 2 horas e 51 minutos de jogo. Essa foi a quarta derrota consecutiva de Bellucci, a terceira na estreia de um torneio.
Personagem
Guga vê Olimpíada como alavanca para o tênis brasileiro
Gustavo Kuerten recebeu ontem, em São Paulo, uma homenagem da ATP por ser um dos 16 tenistas que terminaram uma temporada como número 1 do mundo em 40 anos de existência do ranking da entidade. O brasileiro fechou o ano de 2000 no topo.
Guga aproveitou para falar do tênis brasileiro, apontando a Olimpíada do Rio em 2016 como a grande chance de desenvolvimento. “A gente tem de começar a acertar mais, um momento muito importante é a Olimpíada. O que vai acontecer daqui a quatro anos, quando terminar esse investimento maior, quando as empresas naturalmente terão uma retração?”, questionou.
O maior nome da história do tênis masculino brasileiro, dono de três títulos de Roland Garros, ainda exibiu otimismo ao fazer “projeções positivas”. “O Brasil pode ter cinco jogadores entre os 100 melhores, três no feminino [no Top 100], chegar a ter uma cultura de tênis. Existiu aquele lampejo [de crescimento], mas a cultura não foi criada.”
Agência Estado
Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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