Perdas podem chegar a 780 mil toneladas só no Paraná. Previsão de importação recorde de 7 milhões de toneladas em 2013 deve ser ampliada.
Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Mesmo com o aumento no plantio de trigo, que alcança 20% no Paraná, os moinhos vão continuar enfrentando escassez de matéria-prima. Após queda de 25% na oferta nacional no último ano, as indústrias planejavam repor os estoques com a entrada da nova safra, a partir deste mês. Contudo, as geadas da última semana fazem a produção recuar e prolongam o ciclo de preços elevados.
Os moinhos avaliam a quebra entre 25% e 30% (até 780 mil toneladas) no Paraná. O impacto maior deve ocorrer sobre as primeiras lavouras a serem colhidas. “Começa a haver um desespero no mercado. As empresas estão diminuindo a moagem”, afirma Marcelo Vosnika, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).
O risco é de a necessidade de importação recorde de 2013, estimada em 7 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ser ampliada a 8 milhões num momento de dólar alto.
Uma sequência de fatores limitou a disponibilidade de trigo no Brasil. “Foi uma bola de neve”, resume Vosnika. Ele aponta que houve queda na área plantada na Argentina, principal fornecedor externo. Na sequência, Paraná e Rio Grande do Sul, líderes na produção nacional, enfrentaram quebras climáticas. E, com problemas na safra de milho, os Estados Unidos ampliaram o consumo de trigo.
Com pouca disponibilidade do produto na América do Sul, o governo brasileiro suspendeu a cobrança da Tarifa Externa Comum (10%), que incidia sobre todas as compras do cereal feitas fora do Mercosul. A medida, anunciada em abril, foi prorrogada sucessivamente e agora vale até o dia 31 de agosto.
A Conab zerou os estoques públicos e lançou meio milhão de toneladas no mercado, mas os preços do produto continuaram elevados. No Paraná, o valor da saca de 60 quilos está acima de R$ 42, patamar que fora atingido em 2008. O estado teve 52% das lavouras (ou 490 mil hectares) expostos às geadas da última semana, conforme a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Rui Marcos de Souza, gerente de suprimentos do moinho Globo, de Sertanópolis (Norte), avalia que o alto preço da matéria-prima é agravante para a indústria. “Se eu precisasse de trigo hoje estaria muito preocupado”, relata.
Em Cascavel (Oeste), a cooperativa Coopavel aguarda o início da safra para definir a necessidade de importação. “Aumentamos a área plantada em 70% e, se faltar produto, nossa opção é importar da América do Sul”, afirma Dilvo Grolli, presidente da cooperativa.
Elcio Bento, analista da Safras e Mercado, diz que importação deve aumentar, mas pode se limitar a 7,5 milhões de toneladas. “É preciso quantificar as perdas. Projetando uma quebra total de 500 mil toneladas devido às geadas, esse também deve ser o volume a ser importando”, pondera.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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