quarta-feira, 24 de abril de 2013

Lixo é reduto de larvas do Aedes aegypti.

Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde mostra que, no Paraná, 45% dos focos do mosquito causador da dengue estão em dejetos abandonados.

Walter Alves/ Gazeta do Povo
Walter Alves/ Gazeta do Povo / Conforme levantamento, a quantidade de criadouros em pneus e vasos de plantas é menor do que nos depósitos de lixo do estado, o que mostra a ligação entre questões ambientais e de saúde
Conforme levantamento, a quantidade de criadouros em pneus e vasos de plantas é menor do que nos depósitos de lixo do estado, o que mostra a ligação entre questões ambientais e de saúde
O aumento nos casos de dengue no Paraná é uma prova da relação direta entre o desleixo com questões ambientais e problemas de saúde pública. Depósitos de lixo em casas e empresas representam quase a metade (45%) dentre 19 mil focos de larvas do Aedes aegypti encontrados no estado. Trata-se dos dejetos que ficam abandonados em quintais e terrenos baldios, restos de construção, garrafas e outros materiais que não foram reutilizados nem reciclados e ainda geram risco de poluição do solo e da água.
A quantidade de criadouros em pneus e vasos de plantas é menor do que nos depósitos de lixo (veja infográfico). A pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde não foca em áreas como os lixões que recebem os rejeitos e as margens de rios, repletas de sucatas e entulhos. O levantamento foi feito com informações coletadas em 90 das 399 cidades paranaenses, com dados de 2012.
“Algumas pessoas acham que um problema ambiental que acontece longe da casa delas não as afeta. No caso da dengue, um mosquito tem autonomia de voo de 10 quilômetros. Mesmo o lixo acumulado a algumas quadras pode ser um criadouro”, comenta Luiz Eduardo Cheida, médico e secretário estadual de Meio Ambiente.
Muitas outras doenças – não só a dengue – estão associadas com questões ambientais. Contudo, o Paraná passa por mais uma epidemia, com milhares de infectados e 12 mortes registradas nos últimos meses. Para tentar estabelecer estratégias conjuntas, as secretarias estaduais de Meio Ambiente e de Saúde promoveram uma reunião, na semana passada. Uma das ações ambientais previstas para diminuir a incidência da doença, além de outros benefícios, será o incentivo à reciclagem, à coleta seletiva e à implantação de aterros sanitários, associada a programas de educação ecológica.
O superintendente estadual de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz, comenta que o perfil dos focos de larvas do mosquito da dengue no Paraná é diferente em relação a outros estados. Em regiões mais quentes, por exemplo, é bem maior o número de registros em cisternas.
Ronaldo Trevizan, coordenador estadual de controle da dengue, conta que desde 2007, quando começou a trabalhar no combate à doença, o lixo é o fator que concentra os números mais altos de criadouros. “É importante identificar onde está o problema para direcionar ações”, explica. Os números resultam de uma média, mas há situações que fogem da regra. “Em algumas cidades paranaenses, o pratinho de plantas representa mais da metade dos focos”, diz.

Em Curitiba, perfil dos criadouros é diferente
Em Curitiba, automóveis, ônibus e caminhões são os principais locais de procriação do mosquito Aedes aegypti. Rita Sandra Franz, coordenadora do Programa Municipal de Controle da Dengue, comenta que o entorno das rodovias, como os contornos e as BRs 277 e 116, são pontos de concentração de criadouros. Carcaças de veículos representam um dos criadouros mais comuns.
O perfil dos focos curitibanos é bem diferente do encontrado nas demais cidades pesquisadas no estado. Assim, o combate na capital se concentra em pontos estratégicos: 840 lugares são visitados a cada duas semanas. Garagens de ônibus e pátios com lonas que cobrem caminhões são fiscalizados periodicamente.
Como Curitiba não tem casos próprios de dengue (autóctones) e há apenas registros importados, a fiscalização prioriza áreas que possuem “agentes móveis”, como ônibus e veículos de locação vindos de outras cidades. (KB)
Maioria das cidades não tem aterros
Além do problema que está no quintal das pessoas, existe também aquele que elas enviam para longe. Cerca de 200 cidades do Paraná não contam com aterros sanitários e despejam dejetos em lixões. Por força de lei, esse cenário precisa mudar até agosto do ano que vem, quando entra em vigor a Lei Nacional de Resíduos Sólidos.
Encontros em 20 regionais do Paraná estão ocorrendo neste mês para estimular a formação de consórcios – união de prefeituras que dividiriam um mesmo aterro. O Paraná produz 20 mil toneladas de resíduos por dia.
É das prefeituras a responsabilidade de acabar com os lixões a céu aberto e substituí-los por aterros. (KB)
840 pontos
considerados estratégicos, por concentrarem focos de larvas do mosquito da dengue, são vistoriados a cada duas semanas em Curitiba. Entre os locais estão garagens de ônibus e pátios com lonas que cobrem caminhões.


Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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