Cris Carlson, idealizador do movimento Massa Crítica.
Alexandre Costa / Gazeta do Povo
De um grupo de amigos que se reunia uma vez por semana em um escritório em São Francisco, na Califórnia, para tomar cerveja e discutir coisas da vida, nasceu uma ideia que está transformando a maneira de encarar o espaço público. Com o movimento Critical Mass (Massa Crítica), o grupo liderado pelo norte-americano Cris Carlsson passou a usar a bicicleta como ferramenta de atuação política. “O movimento nasceu de forma espontânea, mas encontrou ressonância na sociedade”, explica o cicloativista. A Massa Crítica é um misto de protesto e celebração à bicicleta, que busca promover o uso desse meio de transporte e provocar uma reflexão sobre o compartilhamento das ruas. Carson esteve no Brasil, na última semana, para participar do 1.º Fórum Mundial da Bicicleta, em Porto Alegre. Confira parte da entrevista concedida à Gazeta do Povo:
A essência do movimento Massa Crítica é o espírito anárquico, de contestação, e que tem como regra não ter lideranças. Qual a origem desses ideais?
Desde o início definimos que ninguém deveria estar no comando da Massa. Todos são responsáveis por todos e ninguém é responsável por nada. E, logo no início, surgiu a ideia de bloquear o trânsito, exibir placas dizendo “obrigado por esperar” e “buzine se você gosta de bicicletas” como resposta às condições encontradas no trânsito.
Na época da criação do movimento (1992) já se tinha ideia da proporção que ele tomaria?
De maneira alguma. Mas, depois, percebemos que a coisa encontrou ressonância na sociedade. É um bom exemplo da globalização. As condições nas cidades são muito semelhantes ao redor do mundo. Congestionamentos, falta de espaços para as pessoas, desrespeito aos ciclistas. Reagimos.
Como você vê o movimento daqui a 20 anos?
O tempo é um problema para movimentos sociais. Em São Francisco já não temos a mesma energia política que tínhamos há 20 anos. O desafio é manter-se atualizado. Talvez, no nosso caso, a solução esteja em outros movimentos.
E como você vê a situação do movimento cicloativista no Brasil?
O Brasil vive justamente o momento mais excitante, o início, em que todos estão engajados nessa luta contra uma sociedade baseada no uso do automóvel. Essa energia nova é muito importante. Chicago passou por isso em 1997, a Itália em 2002. Em todo lugar, o início é sempre marcante.
Quando a bicicleta entrou na sua vida?
Como quase toda criança, ganhei a minha entre 5 ou 6 anos. Mas a que mais me marcou foi a que ganhei com 13 anos. Ela tinha dez marchas, uma Gitan. Usava para ir e voltar da escola. Pedalo desde então.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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