Para especialistas reunidos em congresso, carga tributária torna inviável a popularização de veículos “verdes”.
Cristhian Rizzi/ Gazeta do Povo
O primeiro carro elétrico nacional é uma parceria entre Itaipu e Fiat
Ao contrário dos Estados Unidos e de países europeus, o governo brasileiro ainda não demonstrou que pretende investir pesado na tecnologia dos veículos elétricos. Para executivos do setor, a alta carga tributária praticada no país é sinal de que os carros movidos a energia elétrica não vão começar a circular tão cedo. O assunto foi discutido ontem no 1.º Congresso Paranaense de Veículo Elétrico, no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu.
O superintendente de Engenharia e Planejamento da Mitsubishi, Fábio Maggion, diz que desde o ano passado o setor brigava por uma adequação tributária para os veículos elétricos, que pagavam 25% de IPI. “Queríamos reduzir porque hoje os veículos 1.0, que menos poluem no país, pagam 7%”, comparou. No entanto, o que as montadoras receberam foi um balde de água fria, com o anúncio do aumento do imposto sobre os importados para até 55% no próximo dia 16. No início de 2010, o governo chegou a cogitar um programa de estímulo ao desenvolvimento do carro elétrico, mas o plano foi cancelado por divergências internas.
Preço
Maggion diz que, se o governo brasileiro desse incentivos ao setor – como faz a própria Argentina com o imposto de importação – e reduzisse em 10% o IPI, o preço do veículo cairia para R$ 120 mil. O valor, apesar de alto, segundo o executivo, já é considerado competitivo. “Nós não estamos pedindo dinheiro como nos EUA, onde o governo dá US$ 5 mil, US$ 7 mil para quem compra o carro elétrico. Isso, sim, é incentivo. Estamos pedindo a redução da carga tributária”, reclamou. Com a falta de incentivo, as montadoras ainda não têm estimativa de prazo para comercializar os primeiros veículos elétricos no país.
O setor automotivo brasileiro sustenta que os governos precisam incentivar a produção do veículo elétrico para as montadoras aumentarem o volume de vendas e baixarem o preço de produção. Esta seria uma estratégia para incrementar o número de fábricas em todo o mundo. Hoje a produção anual de carros elétricos no mundo não passa de 100 mil ao ano.
O diretor de Relações Institucionais da Renault, Antonio Calcagnotto, também defende uma política governamental para o setor e diz que o projeto do carro elétrico não é um entrave para o etanol. “O Brasil nitidamente tem uma estrutura política de apoio ao etanol. Há um entendimento ainda não claro dentro do governo de que uma nova tecnologia como o carro elétrico vai matar o etanol, o que não é verdade”, salienta.
Projetos
Brasil está no fim da fila, afirma presidente da Renault
Roberto Massignan Filho
Na semana passada, o presidente mundial do grupo Renault-Nissan, Carlos Ghosn, afirmou, durante o Salão de Tóquio, que em cerca de dez anos pelo menos 10% dos carros vendidos no mundo serão elétricos, mas países emergentes, como o Brasil, estão no fim da fila para receber estes carros em suas ruas. Na mostra, que termina no domingo, mais de 60% dos veículos que estão sendo apresentados são protótipos de carros movidos a eletricidade.
Segundo Ghosn, o único país que vai desenvolver rapidamente um mercado de veículos elétricos será a China. Ele ainda declarou que a culpa de o Brasil não desenvolver carros elétricos não é dos brasileiros e sim dos fabricantes, citando, entre outros fatores, a atual incapacidade de produzir baterias para uma demanda maior que a esperada pelos países desenvolvidos.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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