quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Passarela é evitada por temor a “pedágio”.

Cobrança de R$ 5, por marginais, estaria fazendo população romper tela de segurança da rodovia BR-116.

                                                                                                           Antônio More/ Gazeta do Povo
               Antônio More/ Gazeta do Povo / Flagrante do perigo na BR-116, na Vila Zumbi: de dia, pessoas se arriscam para chegar mais rapidamente ao outro lado; de noite o problema é o “pedágio”
                    Flagrante do perigo na BR-116, na Vila Zumbi: de dia, pessoas se arriscam para chegar
                    mais rapidamente ao outro lado; de noite o problema é o “pedágio”

O técnico em manutenção Rivaldo Rodrigues, de 65 anos, resigna-se em fazer um reparo que, acredita, será desfeito no dia seguinte. Ontem, ele consertava a tela instalada sob uma passarela da BR-116, próximo à Vila Zumbi, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. Era a sua quarta visita ao trecho em um mês, e sempre pelo mesmo motivo. Como a tela impede que pedestres atravessem a rodovia pela pista, a instalação vem sofrendo ações sistemáticas de vandalismo.

Moradores da região atribuem a ruptura da proteção à vontade de atravessar a via mais rapidamente, ainda que isso signifique colocar a vida em risco. “Ficou meio longe o percurso (pela passarela), e tem gente que não respeita”, afirma a auxiliar de serviços gerais Salete Aparecida Jomch, moradora da comunidade Ana Maria, que fica do lado oposto à Vila Zumbi, do outro lado da BR-116. “Acho errado. Se foi feito para ter segurança, então todo mundo devia usar. Já vi até mulher com criança atravessando por baixo”.

Elielton dos Santos, de 20 anos, é morador da comunidade Liber­da­­de, vizinha à Ana Maria, e também trabalha fazendo manutenção em pontes e passarelas para a concessionária que administra o trecho. Ele avalia que a instalação da passarela agradou à população. “Antes era muito perigoso”, lembra.

Entretanto, outros moradores comentam que a abertura da tela é necessária devido a problemas de segurança. À noite, afirmam, grupos armados costumam ficar na passarela e assaltar os transeuntes. Além disso, costuma haver cobrança de pedágio para a travessia, que pode chegar a R$ 5.

Crime
Leticia Zacca, do serviço de comunicação social da Polícia Rodo­viária Federal do Paraná, situa o trecho da BR-116 na Vila Zumbi como o ponto mais perigoso para pedestres, com registro de grande número de atropelamentos. “Ali, a passarela não é a principal opção, e sim a única”.

A representante da polícia lembra que a travessia de rodovias envolve riscos muito maiores do que a de vias urbanas. “A velocidade dos veículos é maior. E, se a pessoas forem correr, existe o risco de tropeçarem. Além disso, crianças e idosos não têm a mesma capacidade de resposta rápida”, ressalta. Leticia alerta ainda que a depredação das barreiras é considerado crime, e o autor, caso seja pego em flagrante, responderá judicialmente pelo ato.

Acidentes caíram pela metade
A instalação de passarelas sobre a BR-116 entre os bairros Vila Zumbi e Liberdade, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, era uma reivindicação antiga dos moradores das duas comunidades. Ao longo dos últimos anos, geralmente após ocorrer um atropelamento com morte, a população fechava o tráfego nas pistas com barricadas e pneus queimados.

Em outubro de 2009, uma manifestação no trecho durou três dias e causou longos congestionamentos. O estopim foi o atropelamento de um homem que atravessava a rodovia e ficou ferido. Os veículos que ficaram parados na fila que se formou acabaram virando alvo de assaltos e apedrejamentos.

A concessionária Autopista Regis Bittencourt, que administra o trecho entre Curitiba e a divisa com São Paulo, informara então que havia um projeto para a construção de duas passarelas no local. As obras foram concluídas em junho deste ano, e se refletiram na diminuição do número de acidentes no local: em 2011, até agosto, ocorreram 16 acidentes nos quilômetros adjacentes às passarelas, ante 32 acidentes registrados em 2010.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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