quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sem anfetaminas, médicos discutem outros tratamentos.

Após a proibição do uso de anfetaminas e a restrição à sibutramina nos tratamentos contra a obesidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgada ontem, as associações médicas têm um dilema pela frente. Ao mesmo tempo em que entram na Justiça contra a proibição das anfetaminas – anfepramona, femproporex e mazindol –, debatem entre si quais tratamentos clínicos poderiam substituir a prescrição desses medicamentos.

Os médicos entendem não existir uma droga equivalente no mercado, e temem que um programa de emagrecimento baseado apenas em dieta e exercícios físicos não será eficiente para a maioria dos pacientes em quadros de obesidade mórbida.

A endocrinologista Ana Cristina Ravazzani, professora no curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), lembra que os 60 dias estipulados para o banimento dos medicamentos serão importantes para programar a descontinuidade dos tratamentos. Porém a substituição para a sibutramina em pacientes atualmente sob prescrição de anfetamínicos não será automática, garante. “É uma droga mais cara, e com fórmula diferente. Quem tiver contraindicação ao uso ou não puder pagar pelo remédio ficará sem tratamento.”

O xenical, medicamento que atua no sistema digestivo, também não é visto pelos médicos como uma alternativa padrão. “Ele não regula a sensação de fome e saciedade, que é muitas vezes o verdadeiro problema a ser atacado”, diz.

Ela, porém, ameniza o dilema, dizendo que a obesidade não é um mal de curto prazo. Segundo a endocrinologista, seu combate massivo é recomendado porque previne o aparecimento de outras doenças. “O tratamento não se resume ao medicamento, porém as sociedades de medicina insistem na permissão da droga porque sabem que, sem ela, o índice de sucesso é baixo”.

Efeitos colaterais
O médico cardiologista Miguel Mo­­retti, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, corrobora a avaliação de que os emagrecedores causam estresse cardiovascular. “É um fato, não um mito. Eles causam hipertensão e arritmia, assim como vários ou­­tros remédios. Não ocorre com todo mundo, mas é difícil precisar com certeza se esse efeito ocorrerá ou não”, destaca.

Uma pesquisa divulgada neste ano pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, órgão ligado à ONU, mostra que o consumo de emagrecedores subiu 500% nos últimos sete anos no Brasil. Cerca de 16 mi­­lhões de pessoas faziam uso de alguma das drogas vetadas pela Anvisa. A Sociedade Brasileira de Nutrologia estima que, sem a prescrição dos medicamentos, o índice de sobrepeso no Brasil de­ve aumentar 32% em quatro anos.

Farmácia
Veja as marcas comerciais das substâncias proibidas ou restringidas pela Anvisa:

Anfetamínicos
- Anfepramona: Dualid S; Hipofagin S; Inibex S; Moderine
- Fenproporex: Desobesi-M
- Mazindol: Fagolipo; Absten-Plus

Sibutramina
- Reductil; Meridia; Sibutral; Plenty; Saciette; Biomag; Vazy

Fonte: Jornal Gazeta do Povo/Ministério da Justiça com Redação.

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