O Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) deverá ficar limitado ao atendimento de 30 milhões de domicílios em 2014. Esta é a percepção do técnico do Ipea, Rodrigo Abdalla Filgueiras de Sousa em seu estudo "Futuros desafios para o Programa Nacional de Banda Larga", divulgado nesta segunda-feira. Na sua visão, o governo ao elaborar o PNBL se preocupou com problemas de infraestrutura de rede, do alto preço cobrado pelas empresas e a "regulação ineficaz", mas não considerou alguns aspectos fundamentais, entre eles a disponibilização de equipamentos de acesso (computadores), a produção de conteúdo, e a capacitação dos usuários.
Rodrigo Abdalla disse que em 2010, apenas 20 milhões de domicílios tinham computador e que a densidade de computadores nas residências vem aumentando em torno de 4 pontos percentuais ao ano desde 2006. As pesquisas indicam, segundo ele, que as TVs e os celulares são os equipamentos de tecnologia da informação mais presentes nos domicílios das classes C, D e E.
"É bastante provável que, em 2014, apenas 45% da população do país tenha contato frequente com o computador, o que, certamente, trará impacto negativo para as metas do plano", afirma em seu estudo.
Ele considera que a política de desoneração de tributos e impostos para computadores pessoais é insuficiente para aumentar o número de usuários. "Novas formas de acesso - em especial o telefone móvel e o televisor - devem ser consideradas como opções", pondera.
A capacitação da população também parece avançar em ritmo mais lento que o desejado pelo PNBL, considera. Para isto, é necessário estimular a criação de novos cursos e a ampliação de vagas. Rodrigo Abdalla defende a participação do Sistema S neste trabalho de formação.
Outra preocupação é com o preço para as camadas de menor renda, para isso ele defende a criação de "modelos de negócios inovadores, condizentes com sua disponibilidade de renda". Segundo o especialista, "isto exige, por exemplo, a ampliação da oferta de planos pré-pagos e de preços fracionados para acesso à internet: em vez de planos mensais".
Uma forma possível é a adoção de "modelo semelhante ao da introdução das redes de telefonia móvel no Brasil: a criação de tarifa de interconexão de valor diferenciado, de forma a financiar a expansão da infraestrutura de banda larga por meio da transferência de recursos das redes já amortizadas".
Fonte: Agência O Globo
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