Assembleia geral da FPF colocou o terreno do estádio oficialmente à venda ontem. Negócio deve ser encaminhado antes de leilão em outubro.
Agora oficialmente, o Pinheirão está à venda. Ontem pela manhã, em assembleia geral da Federação Paranaense de Futebol (FPF), 36 filiados à entidade concordaram, de forma unânime, com a negociação do estádio – 89 tinham condições de voto. O comprador e o valor, de R$ 66 milhões, já estão acertados.
A assembleia na sede do Trieste, em Santa Felicidade, durou uma hora e foi mera formalidade. Atlético, Coritiba – parceiro do comprador – e Paraná anteciparam a aprovação.
A prefeitura de Curitiba, doadora de parte do terreno, também avalizou o negócio antes. E, para não correr risco, o presidente da Federação, Hélio Cury, costurou no início da semana o “sim” dos clubes e ligas amadoras.
A FPF quer se livrar do Pinheirão e suas dívidas o quanto antes – em torno de R$ 60 milhões, relativos a débitos com INSS, IPTU e Atlético. “Passou da hora. São tantas dívidas que você acorda e aumentou”, diz Cury.
Está marcado para outubro um leilão do estádio, provocado por uma penhora de R$ 1,3 milhão. A expectativa é encaminhar tudo até lá.
O nome do comprador segue em sigilo. Sabe-se, apenas, se tratar de um grupo estrangeiro, composto por investidores portugueses e espanhóis. O Conselho Fiscal da Federação já aprovou a negociação, pelo preço levantado pela entidade em dezembro do ano passado: R$ 66.635.000.
Também não se sabe ainda qual será o modelo do negócio: como os investidores vão pagar e o que exatamente será construído nos 124 mil m² do terreno no bairro Tarumã.
Além de definir o modelo, nos próximos dias o representante do grupo interessado pretende estreitar o contato com as construtoras. A OAS é uma candidata forte. A empreiteira chegou a fazer uma proposta para tocar a conclusão da Arena da Baixada, do Atlético, e está trabalhando na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.
A intenção é erguer um complexo imobiliário, com estádio, shopping, hotel e condomínio residencial, orçado em cerca de R$ 1 bilhão. Para a arena, que seria a nova morada do Coxa, deve ser destinado um orçamento de R$ 440 milhões.
Na associação com o Alviverde, representado na assembleia geral de ontem pelo presidente Jair Cirino, nada muda. Para receber a nova praça esportiva, o clube teria de ceder o terreno do Estádio Couto Pereira, sem qualquer outro comprometimento financeiro – o objetivo dos investidores é aproveitar o espaço no Alto da Glória para fins residenciais.
Como vem fazendo desde que a história surgiu, o vice-presidente coxa-branca, Vilson Ribeiro de Andrade, prefere não confirmar o envolvimento do clube no projeto. “Até o momento, o Coritiba não foi procurado. Se isso acontecer, entramos em outra fase”, afirma.
Entrevista
Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol.
É o fim do Pinheirão?
Não tenho a menor dúvida. Passou da hora. São tantas as dívidas que você acorda e a dívida aumentou. Não há a mínima condição de administrar. A venda é o único caminho.
Já existem interessados?
Nós fomos procurados por empresários, construtoras, quatro ou cinco grupos. Agora é o momento, pois temos o amparo legal dos filiados.
Coritiba é um interessado?
O Coritiba faz parte de um projeto de construtora.
Quanto vale o Pinheirão?
Temos um laudo de avaliação da prefeitura [não informado], da Comissão de Valores Imobiliários [R$ 42 milhões], e da Federação, de R$ 66 milhões. Partiremos do valor da Federação.
E as dívidas?
Giram em R$ 60 milhões. O Atlético é credor, com R$ 15 milhões... Ele entra na escala de recebimento. A prioridade é o INSS, cerca de R$ 40 milhões. Depois os R$ 8 milhões com a prefeitura.
Quanto tempo pode demorar?
Temos um leilão no início de outubro, de uma penhora de R$ 1,3 milhão. Queremos definir antes. (AP)
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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