Elas são mais cuidadosas e responsáveis no trânsito, apesar disso não se sentem seguras ao trafegar pelas vias da cidade.
A frota de motocicletas em Londrina representa quase 20% do total de veículos que trafegam diariamente pela cidade. Se antes elas eram uma preferência quase que exclusiva dos homens, hoje a realidade é diferente. Autoescolas da cidade, lojas especializadas e estatísticas do próprio Detran confirmam o aumento da procura feminina por esse tipo de veículo. Para se ter uma ideia, em maio deste ano, o Detran cadastrou 6.559 habilitações do tipo A, para a condução de motos. Desse total, 2.444 dos motoristas são mulheres, a maioria na faixa etária dos 25 aos 34 anos. O número é 292% maior que o cadastrado no mesmo período de 2007.
Mesmo ainda atrás dos homens nas estatísticas, as mulheres acumulam vantagens: são mais cuidadosas no trânsito, se envolvem em menos acidentes e ainda possuem desconto no seguro da motocicleta. A reportagem do JL apurou junto a corretores que o seguro para elas é em média 20% mais barato. A justificativa é que, quando as mulheres se envolvem em acidentes, são de menor gravidade e causam menos prejuízo para as seguradoras.
Roberto Custódio / Jornal de Londrina
Elas são mais cuidadosas e responsáveis no trânsito
A diretora de ensino e ex-instrutora da Paraná Autoescola, Maria Aparecida Fudolli, se diz surpresa com a crescente procura por mulheres em tirar carteira para moto. “E não são apenas mulheres jovens. A maioria procura a motocicleta porque é um veículo barato”. Para o especialista em trânsito, Sérgio Dalbem, a condução das mulheres é mais segura e tranquila porque elas usam o veículo como meio de transporte, e não aventura. “Elas conduzem com mais responsabilidade, cumprem as regras de trânsito, tem o cuidado de parar nos cruzamentos e verificar o melhor momento de atravessar uma via”, afirma.
A arte finalista Aline da Cruz Napoli, de 27 anos, escolheu a motocicleta em razão da economia. Ela já está bem familiarizada com o veículo de duas rodas, já que aos 15 anos aprendeu a andar em motos de menor potência, quando era possível trafegar sem habilitação. Aos 18, tirou carteira para moto e carro. Usa a motocicleta para tudo. Apesar dos nove anos de experiência, Aline confessa que não se sente segura no trânsito em Londrina. “Tenho medo dos outros. Dirijo devagar e não presto atenção só em mim”, conta. Ela afirma que nunca se envolveu em acidente com a motocicleta.
Desvantagens
Apesar das vantagens como o preço e manutenção mais barata que os de um carro, e a agilidade enquanto veículo, a motocicleta possui alguns pontos desfavoráveis aos motoristas. Sérgio Dalbem explica que, se a rapidez e leveza do veículo ajudam no deslocamento, também atrapalham em certas situações no trânsito.
“O motociclista pensa e executa, enquanto que o motorista [de carro] pensa, troca de marcha, olha no retrovisor para sair, faz uma manobra maior para o deslocamento e acaba fechando a moto”, explica. É por essas e outras que existem tantas reclamações de que os carros não respeitam as motos no trânsito. Mas Dalbem justifica: “O motorista não vê porque a moto é muito rápida. O motociclista tem que se ligar nessas dificuldades para se posicionar melhor. Não pode ficar na retaguarda nas laterais [dos carros], tem que ficar no centro da pista para que o carro o veja com facilidade”, orienta.
Maioria dos acidentes com moto envolvem homens
Imprudência e excesso de velocidade são as principais causas de acidentes envolvendo motocicletas no trânsito de Londrina. Até maio deste ano, 209 acidentes envolveram motocicletas na cidade, segundo números da Companhia de Trânsito (Ciatran). O capitão Wilson Oliveira Paulino, do Corpo de Bombeiros, afirma que 70% das ocorrências de trânsito atendidas pelo Siate envolvem motociclistas, e grande parte delas resultam em vítimas fatais. “Na maioria dos acidentes, principalmente os graves, os motoristas são homens”, acrescenta.
Fonte: Jornal de Londrina
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