Apenas 90 de um total de 297 artefatos foram entregues desde o início da mobilização do Ministério da Justiça, há um mês.
Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo
Armas entregues em Londrina: segunda maior cidade do Paraná teve 17 artefatos recolhidos
na campanha deste ano
Londrina - A Campanha Nacional de Desarmamento deste ano completou um mês com 297 armas recolhidas no Paraná. O número desapontou as autoridades, principalmente nas cidades do interior do estado, que juntas coletaram apenas 90 armas.
A campanha foi lançada pelo Ministério da Justiça no dia 6 de maio e prevê um pagamento que varia de R$ 100 a R$ 300 por arma, dependendo do calibre. Em Londrina, a segunda maior cidade do estado, apenas 17 armas foram coletadas. “Estamos estranhando o número tão baixo no interior. Em Paranaguá, foram duas e em Guaíra, só uma”, disse o agente da Polícia Federal e chefe do Sistema Nacional de Armas no Paraná, Fernando Vicentini.
Ele considera alta a média de dez armas entregues por dia, se comparada com o período anterior à campanha, mas em relação às outras duas ações de desarmamento já realizadas pelo Ministério da Justiça o número de artefatos entregues é pequeno. Na primeira campanha, o Paraná recolheu 36.233 armas e, na segunda, 1.064. “Ainda tem um número grande de armas fora de controle e mesmo com o incentivo do anonimato as pessoas não parecem muito dispostas a entregá-las”, avalia Vicentini.
Mortes
Mesmo com o sucesso das campanhas anteriores, estatísticas mostram que o desarmamento não reduziu as mortes violentas no estado. De acordo com dados da Confederação Nacional dos Municípios, 72% das mortes no Paraná ainda são provocadas por armas de fogo. O levantamento mostra ainda que a taxa de homicídios mais que dobrou no estado entre 2000 e 2009. A primeira campanha de desarmamento foi realizada em 2003.
Vicentini concorda com a falta de eficácia da ação. Segundo ele, as armas que mais matam são as de calibre 32, 38 e 22 milímetros, além de pistolas. “As armas conseguidas pela campanha são de outro tipo, normalmente herdadas por alguém que não tem interesse nelas”, afirma. “Bandido não entrega a arma porque é a ferramenta de trabalho dele. O que diminui com a campanha são alguns crimes cometidos por causa da falta de equilíbrio”.
Para especialistas, as campanhas que pedem a entrega de armas não são suficientes para reduzir a violência. Eles avaliam que é necessário um conjunto de ações para combater o número de homicídios. “A redução da violência não está diretamente ligada ao desarmamento. A violência está na cabeça das pessoas”, afirma Vicentini. Para ele, é preciso aumentar o efetivo policial e o policiamento preventivo e ostensivo nas ruas.
Apesar de acreditar na relação entre o desarmamento e a redução nos números de homicídios, o sociólogo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Pedro Bodê concorda que apenas recolher as armas não é suficiente. “É preciso acrescentar a isso outras políticas públicas, que envolvam a comunidade, a escola e o Estado”. O grande problema, segundo Bodê, é a falta de investimento nessas políticas. “Há anos essas políticas estão nas mãos de ONGs que não provocam mudanças verdadeiras. Os recursos existem e devem ser administrados pelo Estado”.
Fonte: Jornal Gazeta Maringá
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