Boa localização não garante aceitação imediata: vizinhança, estado do imóvel e condomínio influenciam a velocidade de locação.
André Rodrigues/ Gazeta do Povo
Edifício bem localizado tem apartamentos amplos e ensolarados, mas locação demora a acontecer: taxa de condomínio alta, barulho da rua e outros fatores podem afastar locatários
O apartamento amplo e ensolarado está no coração do bairro mais valorizado de Curitiba: fica na pracinha do Batel, a poucos passos do luxuoso shopping center que será inaugurado em breve.
Próximo ao centro da cidade, o bairro tem completa estrutura, incluindo shoppings, feira, supermercados, farmácias, bancos e escolas. A cozinha, mobiliada, dá acesso a uma espaçosa área de serviço. O imóvel tem três dormitórios – sendo uma suíte – e dependência de empregada.
O apartamento antigo de três dormitórios fica em bairro nobre, mas o prédio, com mais de 40 anos, não tem áreas de lazer além do salão de festas. O imóvel fica em andar baixo, de frente para a rua Bispo Dom José, com alto tráfego de veículos – situação que deve se agravar com o funcionamento do shopping. As noites de quarta-feira a domingo são especialmente barulhentas devido ao movimento dos bares e casas noturnas da via e a taxa de condomínio é alta.
As duas situações retratam o mesmo imóvel, mas quem pretende alugar o apartamento avalia o negócio sob diferentes ângulos – o mesmo vale para o proprietário ao colocar o bem para locação.
Custo e benefício
É preciso oferecer equilíbrio entre custo e benefício para o inquilino, diz Henrique Vianna, diretor comercial da área de locações da Apolar, que está entre as maiores imobiliárias de Curitiba. “Nem sempre uma localização privilegiada garante a boa aceitação do imóvel”, observa.
Segundo ele, muitos fatores determinam a velocidade de locação – tempo que o imóvel leva para ser alugado desde que é anunciado. Um dos principais itens é a condição do bem. O preço deve refletir o movimento do mercado imobiliário no momento. “Como há muita oferta, o locatário escolhe o imóvel em bom estado, com pintura, piso e peças bem conservadas”, afirma Vianna.
“Quanto à lei da oferta e da procura, é natural que tenha variações. Nós, que estamos no mercado, trabalhando com imóveis, conhecemos os altos e baixos”.
Termômetro
O prazo de três meses funciona como termômetro para o mercado. Se o imóvel leva mais tempo do que esse período para ser alugado, as imobiliárias consideram como um sinal de que algo deve ser feito – ajustar o preço, fazer consertos, pintura, ou mesmo reforma. “Mantemos controle da situação de todos os imóveis e damos assessoria para os proprietários”, comenta o diretor da Apolar. “Nos primeiros sessenta dias já fazemos uma avaliação do porquê a unidade está parada. Se chegar a três meses, é hora de fazer alguma coisa”.
No caso do apartamento na pracinha do Batel, anunciado há mais de três meses, um empecilho para a locação pode ser o valor da taxa de condomínio, que fica alto porque o prédio tem poucas unidades. O barulho da rua pesa pelo fato de o apartamento ficar em andar baixo.
A imobiliária Asa, que tem unidade para alugar no mesmo prédio, também com frente para a rua Bispo Dom José e no segundo andar, indica a possibilidade de negociação com o proprietário para instalação de janelas antirruído – outros moradores do edifício já providenciaram o equipamento.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário