No texto, Ariel Castro tenta culpar as mulheres por entrarem no carro dele e diz que é "viciado em sexo". Ele foi indiciado por sequestro e estupro.
John Gress/Reuters
Cartaz informando o desaparecimento de Amanda Berry em árvore na frente da casa de sua irmã, Beth, em Cleveland
Uma carta de suicídio, escrita por Ariel Castro, foi encontrada na casa onde três jovens foram mantidas em cativeiro durante os últimos dez anos, em Ohio, nos Estados Unidos. Segundo a polícia, na carta o ex-motorista escolar de 52 anos coloca a culpa nas vítimas por entrar em seu carro no dia em que foram sequestradas. Ele também alega ser viciado em sexo e diz que precisa de ajuda por causa de problemas familiares e por ter tido uma infância pobre.
Castro e seus irmãos Pedro e Onil foram presos na segunda-feira (6) depois que Amanda Berry, de 27 anos, uma das jovens, conseguiu escapar do local e chamou a polícia. Nesta quarta-feira, Ariel Castro foi acusado formalmente por sequestrar e estuprar as jovens. Ele foi indiciado por quatro crimes de sequestro e três de estupro. Pedro e Onil não foram acusados. Além de Amanda Berry, Castro teria mantido presas Gina DeJesus, de 23 anos, e Michelle Knight, hoje com 32 anos.
Em casa
Amanda e Gina DeJesus deixaram o hospital nesta quarta-feira e ganharam festas ao chegarem em casa. A irmã de Amanda agradeceu a atenção que os jornais têm dado ao caso, mas pediu para os veículos respeitarem a privacidade da família.
Gina DeJesus foi recebida pela família e dezenas de balões, flores e cartazes carinhosos de desconhecidos. A terceira mulher libertada, Michelle Knight, permanece internada em um hospital local, segundo emissoras americanas.
Amanda, hoje com 27 anos, dava aulas à filha no cativeiro. A menina, identificada como Jocelyn, de 6 anos, pode ser filha de Ariel Castro. A menina teria nascido em uma piscina inflável dentro de casa, de acordo o conselheiro municipal Brian Cummins em entrevista à emissora ABC.
Suspeito ajudou a procurar mulheres
Ariel Castro ajudou nas buscas pelas garotas desaparecidas e participou de vigílias, disseram os vizinhos. Ele estava presente quando a vizinhança se reuniu para uma vigília à luz de velas para lembrar de uma delas. Como quase todos na comunidade, formada principalmente por porto-riquenhos, Castro pareceu abalado em 2004 com o desaparecimento de Gina DeJesus.
Há uma semana, Castro levou a menina para um parque próximo, onde brincaram no gramado, afirmou Israel Lugo, um vizinho que mora na mesma rua. "Eu perguntei a ele de quem era a menina e ele me disse que ela era filha de sua namorada". A menina seria filha de Amanda Berry.
Um parente dos irmãos Castro disse que a família está "totalmente chocada" após saber das mulheres desaparecidas que foram encontrada na casa. Juan Alicea disse que a prisão dos irmãos de sua mulher deixaram os parentes "tão surpresos quanto qualquer outra pessoa" da comunidade.
Ele afirmou que não vai à casa do cunhado desde o início da década de 1990, mas que jantou com Castro na casa de um outro irmão pouco antes das prisões, ocorridas na segunda-feira (6).
O filho de Ariel Castro, Anthony Castro, disse em entrevista ao jornal Daily Mail, de Londres, que fala poucas vezes por ano com o pai e raramente visita sua casa. Em sua última visita, duas semanas atrás, Anthony disse que o pai não permitiu que ele entrasse.
"A casa estava sempre trancada", disse ele. "Havia lugares onde nunca pudemos ir. Havia travas no porão, no sótão, na garagem".
Anthony, que vive em Columbus, escreveu um artigo para um jornal comunitário em Cleveland a respeito do desaparecimento de Gina DeJesus, semanas após seu sequestro. Na época, ele era estudante de jornalismo. "É indescritível o fato de eu ter escrito sobre isso dez anos atrás e descobrir que o caso está tão perto da minha família", disse ele ao jornal The Plain Dealer.
Quase todos na vizinhança conhecem Ariel Castro. Os vizinhos dizem que ele tocava baixo em bandas de salsa e merengue e levava as crianças do bairro para andar em sua motocicleta.
Tito DeJesus, tio de Gina DeJesus, tocou em bandas com Castro nos últimos 20 anos. Ele se lembra de ter ido à casa de Ariel, mas nunca percebeu nada de diferente. As informações são da Associated Press.
Vizinhos viam mulheres nuas e com coleiras na casa
Uma vizinha que vivia em um apartamento próximo ao cativeiro em Cleveland disse ter ligado para a polícia após ver três jovens com coleiras no pescoço, caminhando de quatro e sem roupas. As autoridades não teriam atendido ao pedido de investigação.
Segundo o jornal britânico "The Daily Mail", vários vizinhos haviam alertado a polícia sobre situações estranhas na casa de Ariel Castro, que foi detido junto com seus dois irmãos na segunda-feira.
Israel Lugo, que mora a duas casas da residência de Ariel Castro disse que, além de ver as três meninas no quintal, ouviu repetidas vezes golpes na porta da casa. Segundo ele, a casa tinha sacos plásticos nas janelas. A polícia foi até a propriedade, mas ninguém teria atendido a porta.
A vizinha Nina Samoylicz, que vive a três portas de Ariel, também relatou ter visto uma mulher nua no pátio de sua casa, há dois anos, mas a polícia não teria levado a sério a informação. Elsie Cintron, mãe de Nina, também disse que uma vez viu uma menina olhando pela janela do sótão da casa.
"No início pensei que era uma brincadeira e depois achei estranho e chamei a polícia", disse. "Eles pensaram que nós estávamos brincando e não nos deram crédito. Pouco depois, Ariel Castro cobriu o jardim com lonas para que ninguém pudesse ver o que estava dentro".
Funcionários da polícia de Cleveland asseguraram na terça-feira que o departamento não tinha registros de inspeções feitas pela polícia depois de telefonemas de vizinhos.(Agência O Globo)
Fonte: Agência O Globo / Agência Estado
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