Treinador mais novo das séries A e B do Brasileirão chega nesta terça-feira a Curitiba após comandar a sensação do Campeonato Paulista.
“Pode anunciar, presidente.” A mensagem piscou pouco antes das 11 horas de ontem, no celular de Rubens Bohlen, e permitiu ao Paraná tornar público o que estava certo havia dez dias: Dado Cavalcanti é o técnico tricolor para a Série B. O anúncio foi feito menos de uma hora depois, na sede da Kennedy, em Curitiba, enquanto o treinador, remetente do torpedo que encerrou o silêncio da cúpula paranista, se despedia do Mogi Mirim.
Cavalcanti, de 31 anos, chega hoje a Curitiba. Será o técnico mais jovem nas duas primeiras divisões nacionais. Terá exatos 18 dias para preparar a equipe que estreia no Brasileiro dia 25 de maio, contra o ABC, provavelmente em João Pessoa. Um tempo curto, que faz o treinador dividir em dois o seu trabalho na Vila Capanema.
“Teremos dois momentos no campeonato, com preparação e objetivos diferentes. Serão seis jogos antes da Copa das Confederações e aí uma parada em que será possível ter o conhecimento pleno do grupo e colocar o dedo no time”, afirmou o treinador à Gazeta do Povo, por telefone.
Apesar de deixar claro que o Paraná que imagina só estará em campo a partir de julho, Cavalcanti assume a responsabilidade de tudo que acontecer com o time “a partir do momento em que der o primeiro treinamento”. Só não quer ser cobrado para reproduzir o Mogi Mirim que se tornou sensação do Paulista, vice-líder da fase de classificação e eliminado nos pênaltis pelo Santos, na semifinal.
“Não há a menor possibilidade de comparação. A forma de jogar será o grupo que irá me passar. Mas tem algumas características de que eu não abro mão”, diz, para em seguida citar o DNA que une todos os seus times: “Compactação e transição em velocidade.”
O Mogi Mirim e o Luverdense – clube em que foi campeão mato-grossense e quase subiu à Série B em 2012– comprovam essa tese. O Sapão jogava no 4-1-4-1; o Verdão, no 4-4-2. Ambos, tinham sistemas defensivos compactos e uma chegada rápida ao ataque, com peças de meio de campo capazes de organizar jogadas e chegar ao gol.
Na Vila Capanema, Cavalcanti reencontrará Rubinho, um dos seus meias no Luverdense. Também deve voltar a trabalhar com Roniery, lateral-direito do Mogi que o Paraná espera apresentar hoje. O camisa 2 será o 10.º reforço paranista para a Série B. Ainda devem chegar mais cinco, com prioridade para um atacante.
Em resposta velada a Toninho Cecílio, que reclamou de não ter participado da montagem do elenco para o Estadual, a diretoria paranista fez questão de enfatizar que todos os reforços passaram pelo crivo do novo treinador. Cavalcanti chegou a ter duas reuniões de trabalho com o gerente de futebol Alex Brasil, com cinco horas de duração cada. “Tive acesso à lista [de contratados]. Conversamos sobre alguns nomes, inclusive com poder de veto”, confirmou o treinador.
Cavalcanti diz ter sido procurado pelo Paraná há 15 dias, com Toninho Cecílio ainda empregado. Um dia depois da demissão do antecessor, o novo técnico tricolor assinou um pré-contrato. Movimento determinante para evitar que o assédio após o Mogi Mirim eliminar o Botafogo-SP, com uma goleada por 6 a 0, tirasse o time paranaense da disputa.
“As coisas aconteceram no tempo certo. A forma como fui abordado e a ideia de trabalho me fazem ter a confiança de que podemos montar um time competitivo para atingir o objetivo do clube [subir à Série A]”, comentou o novo treinador paranista.
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Dicas ao Dado
O novo treinador paranista terá de enfrentar situações que têm prejudicado o time nos últimos anos:
Cofre vazio
Administrar salários atrasados tem sido comum para os técnicos paranistas. Ricardinho saiu em meio a uma dessas crises. O leilão da sede do Tarumã traz a esperança de que esse problema seja resolvido definitivamente.
Empresários
Marcos Amaral exerce, hoje, um papel que já foi da L.A. Sports, o de trazer muitos jogadores para o Paraná. É necessário estabelecer um limite para os poderes dos empresários.
Campo minado
Local de treinamento principal do Paraná e dos primeiros jogos na Série B, a Vila Olímpica tem um gramado muito irregular. Potencializa lesões e dificulta o toque de bola.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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