segunda-feira, 22 de abril de 2013

Temporada de ficar atento à virose.

O aparecimento de doenças infecciosas, como a amigdalite e a varicela, é mais propício no inverno.

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Com a aproximação da estação mais fria do ano – e mesmo antes, nos dias em que a temperatura cai –, as mães e os pais precisam ficar atentos às viroses, que atacam indiscriminadamente crianças e adultos, mas encontram mais facilidade de propagação entre os pequenos. Como o contato se dá principalmente pelo ar – e as creches e escolas são espaços em que todos ficam juntinhos, geralmente com janelas fechadas propiciando a festa dos vírus – e pelas mãozinhas, que vão dos objetos sujos para o nariz e a boca com frequência, os pediatras alertam para cuidados básicos que ajudam a evitar os quadros infecciosos.
Há uma infinidade de doenças causadas por vírus: algumas são comuns e outras mais raras, indo das mais amenas às mais graves, todas causadas por um microrganismo com alto poder de mutação. Entre as mais corriqueiras, é preciso saber que elas vão além daquelas do aparelho digestivo, as do tipo gastrointestinais, que causam dor de barriga (diarreia), como explica o professor de Infectologia Pediátrica da PUCPR e coordenador do programa de Residência Médica em Pediatria do Hospital Pe­­queno Príncipe, Victor Horário de Souza Costa Júnior. No caso, entre as viroses mais comuns estão a gripe, um resfriado (a rinofaringite), a dor de garganta (amigdalite), a dor de ouvido associada à febre (otite) ou a tosse seca também com quadro febril (a traqueobronquite, com inflamação da traqueia).
“Há também viroses que são doenças típicas da primeira infância, como a varicela [ou catapora], a rubéola, o sarampo, o exantema súbito e o eritema infeccioso”, esclarece o médico. Para algumas, como as três primeiras doenças, há vacina disponível na rede pública ou privada (veja texto ao lado), mas não para as duas últimas. O exantema se caracteriza por manchas na pele, que surgem após a febre passar, mas tem evolução benigna e, depois de um tempo, as manchas somem. Já o eritema, também benigno, tem como sintomas febre, manchas na pele e dor nas articulações.
Cuidados
Em todos os casos, é preciso ficar atento. “As mais comuns, embora se curem após um a cinco dias, têm sintomas que podem gerar desidratação ou desnutrição (como a perda de água e nutrientes por causa de vômito e diarreia), além do risco de infectarem outras pessoas”, explica a médica pediatra Luci Yara Pfeiffer, do Hospital Nossa Senhora das Graças de Curitiba. Uma virose mais grave pode ter complicações que põem em risco a vida da criança – como é o caso da varicela, que pode estar associada a uma pneumonia ou causar infecções de pele devido ao contato das feridas com a mão suja da criança, na tentativa de aplacar a coceira.
Saiba mais
O ser humano pode ser alvo dos mais variados tipos de vírus, que afetam todos os órgãos e tecidos do corpo. Como são seres com grande capacidade de disseminação e mutação, é complexo o desenvolvimento de vacinas e de uma medicina curativa.
Conheça algumas doenças virais e seus principais sintomas:
>> Gastroenterite: diarreia e vômitos.
>> Gripe: sintomas clássicos de congestão ou secreção nasal, febre, mal-estar e tosse, em vários níveis de gravidade.
>> Otite: a inflamação no ouvido, habitualmente associada à rinofaringite ou gripe, com sintomas de febre, dor 
intensa nos ouvidos, às vezes com diminuição temporária da audição.

>> Rinofaringite: é o resfriado, com sintomas de tosse, dor, coriza e espirros.
>> Amigdalite: dor de garganta, com acometimento das amígdalas palatinas, que costuma vir com febre, dor, ardência e dificuldade de se alimentar.
>> Traqueobonquite: comprometimento da traqueia e brôn­quios, causando febre, prostração e tosse intensa.
>> Importante: essas doenças são sempre associadas à febre, que é um alerta do corpo de que há um quadro infeccioso. Em geral, as viroses atacam o sistema respiratório ou o digestório. As primeiras são mais comuns no inverno e as segundas, no verão.
>> Meio de transmissão: pelo contato interpessoal, por meio de secreções e líquidos do corpo, como saliva, urina, secreção nasal e sangue.
>> Como se previne: higiene das mãos (de preferência com sabonete e água corrente, ou álcool-gel) antes de comer e depois de transitar por espaços públicos, evitando ambientes fechados sem circulação de ar e o contato com utensílios e roupas do doente, além de cozinhar bem os alimentos.
>> No caso da gripe: quando causada pelo vírus influenza A ou B: vacina a partir dos 6 meses, com um reforço após um mês e, depois disso, reforços anuais, pois o vírus sofre mutação constante.
>> Como se trata: os sintomas duram de 1 a 10 dias, dependendo da doença – a gripe pode durar de 7 a 10 dias, e a gastroenterite, de 1 a 5 dias. Fora a influenza A, tratada com remédios específicos, nas demais são tratados apenas os sintomas, como febre, congestão, dores no corpo e garganta. No caso de haver desidratação e desnutrição por causa de vômitos e diarreias, deve-se dar à criança líquidos não artificiais, como água de coco e suco de maçã, em torno de 100 a 150 ml uma hora após cada episódio de vômito ou diarreia.
Antibiótico não serve para tratar infecção virótica
Em relação ao tratamento, os médicos insistem que não se deve usar antibióticos contra viroses. Muitos pais pensam e exigem o remédio, que só serve para infecções por bactéria. Quando a criança está com fezes aparentemente líquidas, com presença de sangue, já não é diarreia, mas sim disenteria, uma infecção bacteriana que exige antibióticos.
Para outros casos, o médico Victor Horácio de Souza Costa Júnior explica que uma das formas de se descobrir se a infecção é bacteriana ou viral é observar as condições de saúde após a febre passar. “Em geral, se é viral, após a febre o quadro geral é bom. A mãe dá um antitérmico e a criança melhora. Se é bacteriana, a febre pode passar, mas o mal-estar continua”, diz, fazendo uma recomendação que nunca falha: “Em todo caso, sempre que houver um problema, é preciso procurar um médico, pois a automedicação pode agravar o quadro”.

As viroses da primeira infância e como preveni-las:
>> Rubéola, caxumba e sarampo: vacina tríplice oferecida pelo SUS, com a primeira dose aos 12 meses e reforço entre os 
4 e 6 anos.

>> Varicela: vacina oferecida na rede privada. A inclusão no calendário oficial de imunização deve ocorrer no ano que vem. Primeira dose aos 12 meses e reforço entre os 4 e 6 anos.
Fontes: Luci Yara Pfeiffer (HNSG) e Victor Horácio de Souza Costa Júnior (HPP e PUCPR), pediatras/Jornal Gazeta do Povo.

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