Após ficar em coma, adolescente que foi envenenada por doceira comemorará 15 anos com baile hoje à noite.
Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Thalyta e os pais: “aquilo que planejamos durante um ano tivemos de fazer em duas semanas”
Os planos originais foram alterados no dia 12 de março, após uma visita inesperada. Por volta das 18 horas, a adolescente recebeu em casa, no bairro Umbará, uma caixa de brigadeiros entregue por um taxista. A caixa vinha acompanhada de um bilhete informando que, caso a adolescente não tivesse fechado contrato com alguma empresa, ali seguia uma amostra de doces para a sua festa de 15 anos.
Thalyta comeu quatro brigadeiros. Achou o gosto de um deles estranho, mas não desconfiou de nada. Por volta das 20h30 ela começou a suar frio e a vomitar. A família decidiu, então, levá-la ao médico. No carro, a menina teve a primeira parada cardiorrespiratória e chegou ao Centro Municipal de Urgências Médicas inconsciente e espumando pela boca e pelo nariz. Logo veio a suspeita: os doces estavam envenenados.
Os outros três amigos que experimentaram os brigadeiros também passaram mal e foram internados. Com duas paradas cardiorrespiratórias, Thalyta foi encaminhada ao Hospital de Clinicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, onde chegou a ficar em coma por quatro dias. Acordou apenas no dia 15 e a primeira pergunta que fez foi sobre a festa.
A cerimônia estava sendo planejada há um ano. A família já tinha fechado contrato com a doceira Margareth Aparecida Marcondes e pago a ela um valor de entrada e uma quantia mensal. Era dela a responsabilidade pelos doces, pela decoração, pelo cerimonial, bolo, DJ e pelas lembrancinhas. Durante as investigações, os policiais suspeitaram da doceira, possibilidade descartada pela família. A polícia continuou as investigações e Margareth acabou confessando o crime. Em seu depoimento, ela disse que, com o envenenamento, pretendia que a festa fosse adiada, já que tinha gastado o dinheiro recebido.
Thalyta, porém, nunca quis adiar a festa e, assim que melhorou, reiniciaram-se os preparativos. “Aquilo que planejamos durante um ano tivemos de fazer em duas semanas”, conta a mãe dela, a dona de casa Minéia Machado Temiski. Eles usaram as economias, fizeram dívidas, e contrataram uma nova cerimonialista, que correu atrás dos preparativos. Amigos também ajudaram e teve quem se sensibilizou com a história e forneceu as bebidas.
Novos convidados
Devido às mudanças, alguns dos sonhos de Thalyta foram cortados. A lista de convidados, porém, só cresceu. “Convidei médicos e enfermeiras do HC. Eles foram bem carinhosos. Foram meus anjos”, diz a adolescente. O carinho era tamanho que as equipes se revezavam por 17 horas seguidas para providenciar que a cada 10 minutos a paciente recebesse um antídoto. “Fui muito mimada, recebi muito carinho e quero que eles participem da festa”, diz. Com os novos amigos, a lista passou de 180 para 200 convidados para a festa de hoje.
A cerimônia será marcada por homenagens, tanto as que Thalyta vai fazer quanto as que receberá. “A única coisa que queria era ter minha filha de volta na festa dela. O maior presente é meu”, diz o pai dela, o policial militar Edilson José Temiski. Quando o relógio passar da meia-noite, Thalyta completará 15 anos e fará um mês que ela saiu do coma: “O que comemoro mesmo é uma vida nova”, diz.
Cronologia
Veja a sucessão de fatos relacionados aos brigadeiros que continham veneno:
12 de março
Thalyta recebe uma caixa com oito brigadeiros envenenados. Além dela, outras três pessoas passam mal após ingerir parte dos doces.
13 e 14 de março
Polícia investiga envolvimento de um namorado ou ex-namorado de uma das vítimas. Verifica também se o caso poderia ser uma vingança contra o pai de Thalyta, que é policial militar.
15 de março
Thalyta sai do coma e seu estado é considerado estável. Os três amigos também se recuperam. No mesmo dia, o taxista responsável pela entrega da caixa com oito brigadeiros presta depoimento na Delegacia de Homicídios. Segundo ele, uma mulher bem vestida o procurou e pediu para ele entregar a caixa no Umbará.
20 de março
A Delegacia de Homicídios de Curitiba divulga imagens que mostram uma mulher entregando uma caixa de brigadeiros a um taxista.
27 de março
A mulher que aparece nas imagens é identificada pela Delegacia de Homicídios. Margareth Aparecida Marcondes, de 45 anos, é doceira, de Joinville, Santa Catarina, e amiga da família de Thalyta.
31 de março
A doceira identificada é presa. O delegado Marcel de Oliveira, da Divisão de Investigações Criminais de Joinville, confirma que ela confessou o crime. Ao delegado, Margareth também admite ter tentado matar o marido dela.
Fonte: Da redação
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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