Complexo do teatro terá revestimentos trocados, banheiros melhorados e maior acesso de carga e descarga, mas promete não fechar as portas.
Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
A plateia do Guairão será restaurada mantendo os materiais já existentes, de forma a não prejudicar a excelente acústica
Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Iluminadores são obrigados a trabalhar ao lado de fosso
Quem é frequentador assíduo do Teatro Guaíra já deve ter se assustado quando o assento da cadeira cedeu. No Guairinha, o mau cheiro virou reclamação pública de um ator enraivecido. A situação caótica, lamentada tanto pela classe artística quanto por admiradores do projeto arquitetônico de Rubens Meister, do fim dos anos 1940, deve mudar no ano que vem, quando está prevista uma ampla obra de
reforma e restauro.
O edital para a contratação dos projetos de restauro deve ser publicado dentro de 15 dias, e a empresa vencedora terá 180 dias para a elaboração do projeto. Sem ele, não é possível determinar o prazo em que a obra será realizada nem o custo final da reforma.
Mas a diretora do Centro Cultural Teatro Guaíra Mônica Rischbieter, que estima o valor em cerca de R$ 20 milhões, pretende não interromper as atividades dos auditórios. “Quando mexermos no Guairão, teremos espetáculos no Guairinha, por exemplo.”
Existia a preocupação, natural dentro dos órgãos públicos, obrigados por lei a realizar obras dentro de rígidas normas licitatórias, de que o trabalho caísse em mãos ineptas. “Felizmente, conseguimos que o critério não seja apenas o preço, mas também a técnica.”
O que muda
A maior parte das melhorias necessárias é simples e requer retoques de restauro, mas pelo menos três questões maiores precisarão ser trabalhadas: os banheiros, que são muito antigos, a entrada de carga e descarga, que permite apenas a passagem de caminhões pequenos (como eram os modelos dos anos 50), e algum tipo de tratamento no braço de rio que passa por baixo do palco do Guairinha.
A entrada para carga e descarga de equipamentos técnicos e cenários é feita por uma rampa limitada, pela Rua Amintas de Barros, o que é considerado o único “problema grande”.
“O resto é restauro, como a troca de mármores machucados e outros revestimentos”, explica Mônica. De acordo com os técnicos, a cada espetáculo quebram-se cerca de 15 braços de cadeira, que eles tentam consertar.
O cuidado na escolha da empresa que fará o restauro de algo que pode parecer simples se deve à excelente acústica do teatro. “Ela é maravilhosa, e com certeza graças a tudo somado: a presença de carpete, espumas, o tipo das cadeiras”, explica Mônica.
No caso do Guairinha, onde a acústica também é considerada ótima, muitos dizem que o motivo é justamente a água que passa por baixo do prédio no local. O problema é que a umidade que sobe do rio causa mofo – motivo da reclamação do ator Emílio de Mello, que apresentou a peça In on It em 2010, e reclamou muito após um sério ataque de rinite.
As instalações elétricas merecerão um cuidado particular. Desde a inauguração – em 1954, do Guairinha; em 1974, do Guairão, praticamente destruído em 1970 em um incêndio, e em 1975, do Miniauditório – , dezenas de técnicos e eletricistas usaram suas habilidades para permitir que as montagens cênicas tivessem suas necessidades atendidas e, com isso, foram criando um emaranhado de fios que mais lembra os irregulares “gatos”. Além disso, o Guairinha receberá ar condicionado.
A verba para toda a reforma deve vir do orçamento do estado, mas Mônica espera realizar parcerias com empresas, a exemplo de um convênio com a Copel, que prevê a subsituição de lâmpadas por outras mais eficientes e econômicas.
A necessidade de aumentar a entrada de dinheiro no teatro levou a direção a planejar uma loja, que deve começar vendendo produtos infantis, como camisetas e canecas, e um café na sala de exposições do andar térreo. Por fim, os jardins do entorno do prédio serão remanejados pela Prefeitura.
Acessibilidade
O Teatro do Sesc da Esquina saiu na frente na temporada de reformas. Devido a necessidades de adaptação na acessibilidade, o local ganhará banheiro e camarim para pessoas com deficiência, corrimão nas escadas e calçamento externo com piso tátil. No palco, será trocado o assoalho. As obras do teatro serão feitas entre maio e julho, e a programação deve ser retomada em agosto.
Taxas
Preços de locação serão revistos
Alguns suspeitaram que o reajuste nas taxas de locação do Teatro Guaíra, realizada no início do ano, fosse uma forma de fazer caixa para a reforma. A diretora do Centro Cultural Teatro Guaíra explica que se tratou de uma readequação, já que os valores não eram revistos há mais de dez anos. Ela acrescenta que, na próxima reunião de conselho, a medida será revista, devido a um pleito da classe. Ocorre que os espetáculos beneficiados pela Lei Rouanet pagam mais caro, já que têm a vantagem de receber patrocínios. “Mas, às vezes, a pessoa passa na lei mas não consegue captar nada”, explica Mônica.
24 minutos
é o tempo que os técnicos do Guaíra levam para descarregar cada equipamento por um elevador de rampa por onde não passam caminhões grandes.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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