quinta-feira, 1 de março de 2012

Servidores rejeitam reajuste de 10%.

Categoria afirma que acumula perdas de 14%. Funcionários ameaçam greve para o dia 14.

Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Jonathan Campos/ Gazeta do Povo / Manifestação dos servidores municipais por melhores salários em frente da prefeitura de Curitiba em 2011. Nova assembleia será realizada no dia 8 de março
Manifestação dos servidores municipais por melhores salários em frente da prefeitura de Curitiba em 2011. Nova assembleia será realizada no dia 8 de março
Os servidores de Curitiba recusaram, em assembleia realizada na noite de ontem, a proposta de aumento salarial de 10% a partir de abril deste ano. O reajuste foi uma das medidas anunciadas prefeito Luciano Ducci (PSB) ontem. De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), a proposta apresentada pelo prefeito ficou muito abaixo do esperado pelos servidores.
A categoria planeja realizar nova assembleia geral no dia 8 de março. Nessa assembleia, eles irão avaliar se aprovam ou não o indicativo de greve que teria início no dia 14 de março, possivelmente junto com professores e servidores do magistério.
Meta
Descontada a inflação, o ganho real proposto pela prefeitura seria de 4,6%, o maior desde 1994, segundo a administração municipal. “Mas as perdas desde 1994 somam mais de 14%”, pondera a diretora de comunicação do Sismuc, Alessandra Oliveira. O objetivo do sindicato é elevar os pisos salariais de R$ 1,5 mil para o nível básico; R$ 2,5 mil para o nível médio; R$ 3 mil para o técnico; e R$ 4,5 mil para o superior.
Capitais
Curitiba gasta pouco com funcionalismo
A situação financeira da prefeitura de Curitiba é muito boa e, em tese, permitiria reajustes maiores aos servidores. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o município poderia gastar até 54% da Receita Corrente Líquida (RCL) com a folha de pagamento. O limite prudencial é de 51%. Mas, em 2011, o gasto da prefeitura ficou em apenas 35,99%, de acordo com dados do Tesouro Nacional. Nos últimos quatro anos, o maior porcentual foi em 2009, quando 39,90% da RCL estavam comprometidas com o funcionalismo.
Entre as 21 prefeituras de capital que prestaram informações referentes a 2011 ao Tesouro Nacional, a situação de Curitiba só não é melhor do que a de Belém (PA), onde a proporção ficou em 34,8%. Nas outras capitais do Sul, o gasto com funcionalismo foi bem maior: 43,59% em Porto Alegre (RS) e 49,61% em Florianópolis (SC).
Além disso, a prefeitura de Curitiba tem um baixo endividamento. A dívida consolidada líquida é de R$ 139,5 milhões, apenas 3,32% sobre a RCL. Pelo limite definido pelo Senado, as cidades podem comprometer até 120% das receitas – o porcentual foi bastante inflacionado para ajudar São Paulo, e poucos municípios ostentam endividamento próximo ao teto. Os financiamentos externos e internos vigentes em dezembro de 2011 somavam R$ 88,5 milhões, apenas 2,10% sobre a RCL, quando o limite permitido é de 16%.
“Com essa folga orçamentária seria possível dar um reajuste bem maior. Mas não é isso o que se está pedindo. Os sindicatos querem pisos e, se não é possível fazer isso imediatamente, a reivindicação é pela implantação escalonada, ao longo de alguns anos”, explica o economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que assessora o Sindicato dos Servidores Municipais (Sismuc) na negociação com a prefeitura.
O gestor do Observatório de Informações Municipais, François Bremaeker, pondera que reajustes generosos podem se tornar onerosos para a administração pública no longo prazo. “É claro que, quando o salário mínimo tem um reajuste de 14%, quem recebe menos se sente prejudicado. Mas uma cidade organizada como Curitiba tem um custo alto de manutenção, e por isso o gasto com funcionalismo não pode subir muito”, observa ele.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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