Grupo de apoio a pais de bebês prematuros do Hospital Evangélico completa cinco anos e promove reencontro de famílias beneficiadas.
Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Acompanhadas dos filhos, 20 mães participaram do encontro: suporte emocional a famílias que vivem dramas semelhantes
O sentimento de tristeza de Camila só pôde ser aplacado devido às reuniões que ela e o marido, o autônomo Juliano Gomes, frequentaram toda semana no Hospital Evangélico, em Curitiba. Durante o tempo em que Gabriela ficou na UTI Neonatal, o casal participou dos encontros voltados para pais cujos filhos precisem de cuidados intensivos. E, ontem, quatro anos depois do nascimento da filha, os três voltaram para um reencontro com outras famílias que se beneficiaram do serviço, criado em 2007 por uma equipe multidisciplinar do Hospital, que reúne médicos, assistentes sociais, psicólogos e capelães.
Numa sala do hospital, cerca de 20 mães, a maioria acompanhada dos parceiros, carregavam orgulhosas e emocionadas os filhos que um dia praticamente couberam na palma da mão, e que passaram, em média, 40 dias cercados por sondas, tubos e cateteres. Elas falaram sobre a importância dos encontros, que ainda ocorrem toda semana e têm como objetivo oferecer suporte emocional às mães, além de informações mais detalhadas sobre o estado clínico da criança, amamentação e cuidados pós-parto.
Acompanhando tudo com atenção, a dona de casa Vânia Silva Santos olhava para as crianças e se dizia renovada. As duas filhas dela, as gêmeas Ana Laura e Ana Júlia, estão há 35 dias na UTI, após nascerem de 6 meses de gestação, uma pesando 865 gramas e a outra, 920 gramas. A mãe só conseguiu carregá-las pela primeira vez há dez dias, quando atingiram 1,1 quilo.
Moradora do Campo de Santana, Vânia já teve alta e pega quatro ônibus para ir até o hospital, todos os dias, ver as filhas. “Eu vejo essas crianças crescidas e saudáveis e sei que as minhas também vão ficar assim. Elas vão conseguir.”
Evolução
De acordo com a chefe do Serviço de Neonatologia do hospital, Evanguelia Athanasio Schwetz, a UTI, que existe desde 1994, passou a ser vista de forma diferente após a criação do grupo. Se até então a unidade era um espaço impessoal, com a conscientização ela passou a ser vista como uma “casa” por onde os bebês precisam passar. Também como uma esperança que muitos não tiveram, décadas atrás, quando nasciam antes do tempo ou com problemas respiratórios, genéticos ou congênitos.
Os profissionais também mudaram. Nas reuniões, a médica explica que a equipe se compromete a relatar o estado de saúde do bebê e quais são as expectativas quanto à evolução clínica, o que acalma os pais. “Eles se sentem valorizados e seguros de que estamos cuidando bem do filho deles.”
Com isso, evitam-se casos de depressão, ansiedade e conflitos familiares que costumam atingir os pais. E contribuem para que a autoestima e a esperança aumentem, ajudando os pequenos a alcançar o tão sonhado 1,8 quilo (mínimo necessário para ter alta) e ir, finalmente, para casa.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário