Decisão recente do Contran desobriga o poder público de sinalizar equipamentos de fiscalização de velocidade. Em Curitiba, prefeitura e moradores acham importante avisar.
Daniel Caron/ Gazeta do Povo
Lombada eletrônica nas imediações do Parque Barigui: sinalização ajuda a impor cautela a motoristas, segundo moradores
Em dezembro do ano passado, o Contran aprovou uma resolução que extinguiu a obrigatoriedade de sinalização em radares e lombadas eletrônicas, tanto na área urbana quanto em rodovias. A mudança partiu de uma solicitação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), sob o argumento de que as placas de sinalização obrigatórias atrapalham o uso dos radares nas estradas, visto que os motoristas desaceleram apenas nos pontos onde estão os equipamentos.
O secretário municipal de Trânsito, Marcelo Araújo, informou que a lombada da Cândido Hartmann será sinalizada nos próximos dias, ainda que esse tipo de equipamento seja de fácil visualização. “Diferentemente do radar, a lombada eletrônica serve para que se reduza a velocidade em um ponto específico. Ali, como é um trecho sinuoso, que registra muitos acidentes por fuga da pista, quanto mais informação para o motorista, melhor”, justifica.
Sem mudanças
Segundo Araújo, o mesmo princípio será aplicado para todos os equipamentos de fiscalização eletrônica do município, sejam lombadas eletrônicas ou radares. “O decreto do Contran não obriga a retirada das placas de sinalização, só não obriga a sua colocação. Não pretendemos alterar a sinalização e por isso optamos por não fazer a retirada”, afirmou, assegurando que nenhum radar entrará em funcionamento sem sinalização.
No caso específico da Cândido Hartmann, moradores da região acreditam que a sinalização é necessária, em virtude de a lombada estar em um ponto de pouca visibilidade. “O pessoal passa correndo em um semáforo para pegar o outro aberto. Se antes houver a indicação da lombada o motorista já vai com mais cautela”, diz Maria Augusta Cavinato, proprietária de um pet shop na região. “Hoje mesmo ouvi uma freada brusca, provavelmente de alguém que não sabia da lombada”, diz Úrsula Avanço, que defende melhor sinalização.
Velocidade constante
Mestre em engenharia de transportes e consultor de segurança viária, Sérgio Ejzenberg defende a resolução que desobriga a sinalização nos pontos de fiscalização eletrônica de velocidade. Para ele, a mudança funciona como um antídoto contra os maus motoristas. “Sem a indicação de onde está a fiscalização, o condutor vai manter uma velocidade constante, tendo-se a efetiva obediência do que exige a lei”, avalia. No caso das lombadas eletrônicas, ele lembra que sua visualização é possível a até um quilômetro de distância, dispensando assim a sinalização.
Para morador, lombada não reduz acidentes
Basta conversar com quem vive na região onde foi instalada a lombada eletrônica da Avenida Cândido Hartmann para entender o porquê de implantar fiscalização de velocidade no local. Os relatos dão conta de um grande número de acidentes naquele trecho, motivados pelo excesso de velocidade aliado à sinuosidade do trecho, uma combinação fatal principalmente em dias de chuva. Mas para moradores e comerciantes, a medida não será suficiente para solucionar os problemas.
“Essa lombada foi colocada no lugar errado, deveria estar mais para cima, antes da curva. Quem vem em alta velocidade vai continuar acelerando, freando somente na lombada”, diz a empresária Maria Augusta Cavinato. De acordo com ela, os acidentes são mais frequentes em dias de chuva, quando a pista fica molhada. Muros e postes já foram derrubados, causando transtornos em toda a região. “Já perdemos dia de trabalho porque o poste foi derrubado e ficamos sem luz”, relata.
Marco Aurélio Velasco conta que já chegaram a ser registrados três acidentes em uma semana, sendo que em um deles uma motorista se chocou contra um muro e ficou presa nas ferragens. “Mesmo na subida o pessoal acelera. A diferença a partir de agora é que eles vão deixar de bater no poste para acertar a lombada”, ironiza.
De acordo com o secretário municipal de Trânsito, Marcelo Araújo, o local da lombada foi escolhido justamente por ser o que oferece mais risco em toda a avenida. “Nós acreditamos que com a fiscalização eletrônica os motoristas vão reduzir a velocidade média, não apenas na lombada”, afirma.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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