quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pesquisa expõe os paradoxos do Paraná.

Estado tem bons indíces na distribuição de água e luz, mas vai mal na segurança, no analfabetismo e na geração de empregos.

O Paraná quase universalizou o sistema de água e energia elétrica, mas viu crescer o número de analfabetos e aumentar a taxa de homicídios de homens entre 15 e 29 anos. Esses paradoxos constam na pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentada ontem em Curitiba pelo presidente do órgão, Marcio Pochmann. O estudo mostra a situação de cada estado entre 2001 e 2009, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e do Ministério da Saúde.
Na maioria dos indicadores, o Paraná se encontra em melhor situação que a média brasileira, mas sempre um pouco abaixo do índice da Região Sul. “Tivemos avanços significativos na conjuntura social, especialmente pelo panorama favorável vivido no país. Mas alguns aspectos apresentados são preocupantes e colocam o estado numa situação bastante desfavorável em relação ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, afirma o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvol­­vimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes. A violência é um desses aspectos.
Mortes e desemprego
A taxa de homicídios de homens é crescente no estado e na Região Sul, na contramão da queda que acontece no Brasil. A cada 100 mil habitantes entre 15 e 29 anos, 116,3 morreram no Paraná em 2007, último ano do levantamento no item segurança. O aumento entre 2001 e 2007 chegou a 62,2% no Paraná, enquanto no Brasil houve queda de 7%. A taxa não está entre as maiores do país, mas a tendência de alta é uma preocupação. “Esse aumento da violência ocorreu na Região Sul como um todo, mas no Paraná o quadro é de maior elevação. No Brasil, em geral, tem ocorrido o inverso”, explica Pochmann.
“Tudo que depende do governo estadual deteriorou nesse período, colocando o Paraná na contramão do Brasil. O quadro caótico da segurança já era conhecido pelo governo desde o processo eleitoral e é uma das grandes prioridades”, explica Mendes.
No caso do analfabetismo, as taxas são positivas no Paraná, abaixo da média brasileira e levemente superiores à média da Região Sul. Entretanto, Pochmann destaca que desde 2006 a queda estagnou e, em 2009, houve até um pequeno aumento, chegando a 6,67% da população analfabeta.
Porchmann considera que o Paraná é um dos estados mais vulneráveis à crise finaceira. O aumento do desemprego de 2008 para 2009 (ano da crise) foi substancial no estado, o que aconteceu também em São Paulo. A queda foi sentida em todo o país, mas no Paraná o desemprego passou de 4,5% da população para 6%. “Esse fato depende da estrutura econômica e relação com o comércio exterior de cada estado. Os governantes devem estar atentos a esse impacto do desemprego por conta do agravamento da crise”, explica.
Já um ponto positivo é a universalização do sistema de água e energia, inclusive na área rural. Em 2009, pouco mais de 97% dos domicílios paranaenses tinha abastecimento de água adequado. Somente na área rural, esse número atinge 92,62%. O mesmo acontece com a energia, que se encontra em quase todos os domicílios (99,63%). Na área rural, o número também é expressivo, com 98,03% dos domicílios com acesso à energia elétrica.
Evolução
Área rural apresenta melhorias
Além dos bons números de abastecimento de água e acesso à energia elétrica, a área rural do Paraná tem crescido em diversos indicadores, mesmo que ainda se encontre defasada em relação ao meio urbano. Um exemplo são os indicadores de pobreza extrema, que mostra quanto da população tem renda per capita inferior a R$ 67,07 por mês. Na média, o Paraná teve uma queda nesse índice, mas na área rural a mudança foi mais intensa, passando de 14,8%, em 2001, para 4,3%, em 2009.
O rendimento médio no trabalho também aumentou, em 19,1% no período. Em 2001, a renda média era de R$ 708,70 e em 2009 chegou a R$ 844,20. A diferença em relação aos números do meio urbano também diminuiu, apesar de ainda permanecer grande. Em 2009, a renda rural chegava a 72,4% da renda urbana.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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