O modelo traz a cena tradicional cristã em destaque, mas também politiza a Natividade prestando homenagem a algumas das políticas mais populares de Chávez durante seus 13 anos de governo.
REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Figura do presidente venezuelano Hugo Chávez em presépio de Natal é motivo de polêmica no país
Na Bíblia, pastores e sábios prestam homenagem ao recém-nascido Jesus. Na Venezuela, parece que Hugo Chávez também apareceu na manjedoura.
Uma cena de um presépio em Caracas mostrando o presidente socialista em frente à manjedoura transformada em berço provocou polêmica no país politicamente polarizado.
"Não tem nada a ver com a Natividade real, com a religião. Não gosto disso", disse Arnaldo Amundaray, que passava pelo local.
Para os partidários de Chávez e os criadores do presépio, a cena é um tributo legítimo e inocente a seu líder.
"A intenção é mostrar todos os feitos da revolução porque a mídia silencia sobre as coisas boas que o presidente Chávez tem feito", disse Maria Alejandra Mijares, funcionária do Ministério da Mulher que ajudou a erguer a cena do presépio.
O modelo traz a cena tradicional cristã em destaque, mas também politiza a Natividade prestando homenagem a algumas das políticas mais populares de Chávez durante seus 13 anos de governo.
Para simbolizar suas façanhas na área da infraestrutura, há um teleférico em miniatura até a réplica de uma favela. Os projetos sociais que são bandeiras do governo, como as clínicas de Barrio Adentro, também estão representadas. No meio de tudo - em frente e abaixo do berço de Jesus - está Chávez, perto de Simón Bolívar, o herói da independência do século 18. Em outro lugar há uma foto de Chávez segurando uma criança.
"Como o cristianismo, a revolução fala de amor", disse outra funcionária do Ministério da Mulher, Yasmina Ereu. "Algumas pessoas estão fascinadas. Outras não gostam. Mas este é um país democrático, todo mundo pode dar sua opinião."
Chávez, de 57 anos, tem uma filosofia de vida sincrética, saudando tanto Marx quanto Jesus - algumas vezes no mesmo discurso - enquanto apela constantemente ao espírito de Bolívar.
Ele inspira ódio visceral nos inimigos, que o enxergam como ditador louco que atrasou seu país em anos com políticas radicais e estilo autoritário. Os simpatizantes, principalmente nas regiões mais pobres da Venezuela, costumam exibir um amor quase religioso e fanático. Os dois lados estão de olho na eleição presidencial de outubro.
Perto do presépio, em uma loja no antigo Hotel Hilton que foi nacionalizado por Chávez há alguns anos, há uma venda de bonecas, camisetas, canecas e outras parafernálias adornadas com sua imagem.
"Oitenta por cento dos venezuelanos estão com ele. Esse processo não vai parar", disse o vendedor Carlos Bonilla. Questionado sobre se as vendas continuariam fortes após a reeleição de Chávez no próximo ano, ele e um casal de amigos riram confiantes e apertaram o botão de um boneco feito na China para que o "comandante" desse a resposta:
"Não há dúvida sobre quem tem a maioria na Venezuela!"
Fonte: Reuters
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