Rodolfo Bührer/La Imagem/Divulgação
Ghosn: carga tributária e insumos caros jogam para cima custo do automóvel
O presidente mundial do grupo Renault-Nissan, Carlos Ghosn, que participou ontem do lançamento do Renault Duster, em Foz do Iguaçu, culpou a alta carga tributária e o custo de algumas matérias primas pelo alto preço que o consumidor brasileiro paga pelos carros. “O aço brasileiro, por exemplo, é o mais caro do mundo, embora o Brasil seja um dos países que mais exporta o minério de ferro”, lembrou.
Conforme o executivo, os preços dos automóveis no Brasil embutem entre 40% e 48% de impostos. Eles são os verdadeiros culpados pelos altos preços, alegou Ghosn, dizendo ainda que a lucratividade praticada aqui pelo grupo que comanda é a mesma de todos os países onde a Renault está presente. Um exemplo disso, segundo ele, é que o mesmo Duster que aqui vai custar mais de R$ 50 mil será vendido na Argentina por US$ 22 mil (R$ 41 mil, pelo câmbio de ontem).
Sobre o recente aumento do IPI, o executivo procurou não criticar a medida, uma vez que a Renault não chegou a ser afetada. Para ele, a decisão do governo vai acabar acelerando os investimentos das montadoras no Brasil, que hoje é um dos quatro maiores mercados do mundo. “São as regras do jogo”, finalizou.
Mercado
O presidente da Renault no Brasil, Jean-Michel Jalinier, assegurou que o Duster – primeiro utilitário esportivo da Renault – já se encontra na rede de concessionárias, com cerca de 3 mil unidades, das quais mais de 1,5 mil já estão reservadas por clientes através da pré-venda.
O Duster é oferecido em seis versões de acabamento, com dois diferentes motores (1.6 16V Hi-Flex e 2.0 16V Hi-Flex) e duas opções de tração (4x2 ou 4x4). O modelo de entrada, com motor 1.6 (4x2) e câmbio manual, é vendido por pelo menos R$ 50,9 mil. O top de linha, o Dynamique, com motorização 2.0 e tração integral (4x4), sai por R$ 64,6 mil.
Todas as versões de acabamento do Duster oferecem de série itens como direção hidráulica, ar condicionado e vidros e travas elétricas. A Renault espera vender cerca de 2,5 mil unidades por mês do carro no Brasil, sendo cerca de 10% do modelo top 4x4.
MPF pede que Fazenda investigue preço dos automóveis brasileiros
O Ministério Público Federal (MPF) vai pedir que a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda investigue o possível lucro abusivo das montadoras de automóveis. O MPF alega que se verifica um alto preço nos automóveis vendidos no Brasil quando comparados com os mesmos modelos vendidos no exterior. O Ministério Público também quer a revisão da chamada Lei Ferrari, que versa sobre a concessão comercial entre produtores e distribuidores de automóveis no país.
A diligência solicitando a investigação foi aprovada pela 3.ª Câmara de Coordenação e Revisão (CCR), órgão do MPF dedicado à defesa dos direitos do consumidor e à proteção da ordem econômica. No voto coletivo aprovado, argumenta-se que “a Lei Ferrari pode ter tido algum papel, há 30 anos, na época da reestruturação dos mercados de veículos no Brasil, numa época em que vigia uma economia de controle de preços. Mas hoje existem fortes suspeitas de que essa lei é desnecessária e até prejudicial”.
A 3.ª CCR também vai pedir ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estudos para verificar se é conveniente ou não manter a Lei Ferrari. Quando tiver posse desses estudos, o Ministério Público vai avaliar se provoca outros órgãos governamentais sobre o assunto.
O repórter viajou a convite da Renault.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo/Agência O Globo
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