sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Relatório vê riscos nos reajustes salariais.

O Banco Central diz estar atento às negociações entre trabalhadores e empresas, especialmente às categorias que têm conseguido aumentos expressivos de salário. No relatório trimestral de inflação, os diretores da instituição dizem que “um risco importante para a dinâmica dos preços ao consumidor advém da dinâmica dos salários”. O risco, cita o BC, está nas negociações que embutem a elevada inflação dos últimos 12 meses.

“De fato, há concentração de negociações salariais importantes neste segundo semestre, quando a inflação acumulada em 12 meses se encontra bastante elevada. Nesse contexto, o risco para a dinâmica dos preços reside na possibilidade de as negociações salariais atribuírem um peso excessivo à inflação passada”, cita o documento, ao comentar que salários maiores podem aumentar a demanda e, consequentemente, a inflação.


Passado e futuro
Nesse trecho do texto, os diretores do BC chamam a atenção para o fato de que as negociações usam como referência a inflação anterior, “em detrimento da inflação futura, a qual, cabe notar, tende a recuar a partir do quarto trimestre e a ser marcadamente menor do que a inflação passada”.

Outro ponto que chama atenção do BC é o salário mínimo. Os diretores afirmam que “os aumentos previstos para o salário mínimo nos próximos anos podem impactar direta e/ou indiretamente a dinâmica de outros salários e dos preços ao consumidor”.

Transmissão
O BC também destaca que o maior risco para inflação futura é a transmissão para os preços da inflação passada. Esse risco ocorre no contexto de estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho e de descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda.

No documento, o BC pondera que a moderação da atividade econômica doméstica contrabalança, ao menos em parte, os efeitos das fontes de pressões inflacionárias. Além disso, o relatório enfatiza que o nível de utilização da capacidade instalada tem recuado e se encontra abaixo do nível de longo prazo, ou seja, está contribuindo para a abertura do chamado “hiato do produto” (potencial de crescimento sem inflação) e para conter pressões de preços.

Na avaliação do BC, a recente revisão do cenário para a política fiscal também se apresenta como fator de contenção das pressões inflacionárias.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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