Só as Unimeds escaparam da suspensão, que deve contar com a adesão de cerca de 60% dos quase 19 mil médicos do Paraná.
Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Protesto feito pelos médicos em abril: quase nenhum avanço desde então
Entre 10 mil e 11 mil médicos devem suspender o atendimento eletivo a seus pacientes de planos de saúde hoje. O movimento, igual ao do dia 7 de abril deste ano, pede o reajuste dos honorários (ao menos R$ 80 por consulta), a adoção da 6.ª edição da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) e a inclusão de uma cláusula de índices de correção anual no contrato entre cada operadora e prestador de serviço.
Todos os planos de saúde serão afetados, com exceção das 22 Unimeds do estado, que são cooperativas pertencentes aos próprios médicos e nas quais a negociação deve ocorrer por meio de assembleias internas, ainda não convocadas. Os serviços de urgência e emergência serão mantidos.
Desde março deste ano, quando o movimento médico se intensificou, nenhuma operadora chegou a um acordo com a Comissão Estadual de Honorários Médicos, formada por representantes da Associação Médica do Paraná (AMP), do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) e do Sindicato dos Médicos (Simepar).
Descredenciamento
O procedimento de saída das operadoras de saúde, que muitos médicos teriam realizado após os impasses nas negociações com os planos, é individual e leva de dois a três meses para ser finalizado. Não há um controle que dê conta de todo o movimento no estado, mas as estimativas do departamento jurídico da AMP, segundo comunicações voluntárias recebidas, é que 2 mil profissionais tenham saído de um ou mais planos nos últimos seis meses. Entre as operadoras do estado, a única a colocar claramente suas últimas movimentações nesse sentido no site é a Fundação Copel – em agosto, 32 médicos (11 de Curitiba) e dez clínicas deixaram a rede do plano, enquanto 11 novas clínicas, hospitais e farmácias e quatro médicos passaram a prestar serviços.
Ainda em junho, a União Nacional de Entidades de Autogestão em Saúde (Unidas), que representa mais de 20 planos no Paraná, enviou uma proposta de reajuste médio de R$ 54 a partir de 1.º de julho, e de R$ 60, em média, a partir de 1.º de janeiro de 2012. “O máximo que recebemos de contraproposta foi nessa margem de R$ 50, enquanto sabemos que em outras localidades, até mesmo cidades paranaenses como Foz do Iguaçu, algumas operadoras ofereceram entre R$ 70 e R$ 80. Por esse motivo enviamos novos ofícios para a Fundação Copel, Unidas, Clinipam, Amil e Promed dando prazo até hoje [ontem] para uma nova proposta”, explica o assessor jurídico da AMP, Fabiano Araújo. Pouco antes da coletiva de imprensa de ontem, a comissão se reuniu com a Amil, mas não celebrou nenhum acordo.
Ainda ontem à tarde, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 15 das maiores operadoras-seguradoras do país (um terço do mercado), entre elas a Amil, formalizou uma proposta diferente, em que dividirá, ainda neste ano, o rol de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 100 grupos com valores a serem negociados entre cada operadora e prestador de serviço.
Justiça
Categoria recorre a ação trabalhista
Nos próximos meses, a Justiça do Trabalho deverá publicar a primeira sentença relacionada a uma ação movida pelo Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) contra as operadoras de autogestão, medicina de grupo e seguradoras do estado (as cooperativas da Unimed não entram na briga), alegando perda do direito econômico dos profissionais diante de contratos de prestação de serviços que apresentariam uma série de irregularidades e abusos. (FZM)
Números
R$ 80 por consulta
é o mínimo exigido pela categoria. Hoje, a média recebida nos planos é de R$ 42. Os médicos também pedem a adoção da 6ª edição da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) e de um índice de correção anual em contrato.
2 mil profissionais
teriam se descredenciado de um ou mais planos nos últimos seis meses no estado, segundo estimativas da Associação Médica do Paraná.
Serviço:
Os atendimentos de urgência e emergência devem ser mantidos e as operadoras devem ser capazes de oferecer alternativas de atendimento dentro de uma mesma especialidade e/ou procedimento. Caso se sinta desassistido, comunique a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pelo 0800-7019656.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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