Alexandre Pontes foi preso, mesmo sem provas, em 2007, acusado de ter roubado um achocolatado de R$ 2,50. Nova audiência do caso será realizada nesta segunda.
Roberto Custódio / Arquivo JL
Alexandre Pontes: espera sem fim
Alexandre Oliveira Pontes, 23 anos, tentará provar mais uma vez, nesta segunda-feira (5), que é inocente. Há quatro anos e seis meses, em um mal-entendido, o rapaz, que é surdo-mudo, foi acusado de tentar roubar um achocolatado, que custava R$ 2,50, de uma loja na Avenida Duque de Caxias, área central de Londrina. Nova audiência sobre o caso está marcada para as 15h na 2ª Vara Criminal.
Pontes foi preso por policiais militares dentro de um ônibus do transporte coletivo no dia 21 de fevereiro de 2007. O que tornou a situação incomum é que os funcionários do estabelecimento comercial, que teria sido alvo do assalto, afirmaram em depoimento que o rapaz não teria cometido crime algum. Eles teriam dito apenas que estranharam o comportamento de Pontes pelo fato de ele não ter falado nada quando foi acusado.
O rapaz ficou 13 dias preso e ainda não conseguiu provar a inocência. Um dos motivos da lentidão no processo foi a falta de uma intérprete para acompanhar o depoimento dele à Justiça. Segundo o advogado de defesa de Pontes, Reginaldo Monticelli, para a audiência desta segunda uma intérprete foi intimada. “Nesta tarde serão ouvidas todas as testemunhas, tanto acusação quanto defesa, e por fim o Alexandre. Quando o réu está solto, a demora no andamento do processo é normal, pois ele fica em segundo plano. Contudo, quem sofre é o rapaz que foi a grande vítima da história”, afirmou.
Conforme o advogado, o rapaz ficou traumatizado com a situação e tem medo de ser preso novamente. O defensor disse que a vinda dele para Londrina foi “complicada” – depois do incidente, Pontes se mudou para Curitiba, onde mora com a mãe. “Mesmo afirmando que em hipótese alguma ele seria preso, o Alexandre tem muito medo de tudo acontecer novamente.”
No entanto, a história de Alexandre Pontes com a Justiça está longe de terminar. Monticelli explicou que até o juiz se pronunciar em definitivo pode transcorrer seis meses. “Enquanto isso, ele responde por um crime que nunca cometeu”, ressaltou.
Espera sem fim
Para a mãe de Alexandre, Suleide de Oliveira Pontes, a vida da família parou nos últimos quatro anos. Em entrevista ao JL, na manhã desta segunda, ela relatou que o filho vive com medo de até andar na rua. A principal preocupação é que ocorra qualquer novo mal-entendido e o antecedente criminal o leve novamente preso. “Nós percebemos que ele sente muito medo, assim como nós que somos da família. É complicado ter uma vida normal desta forma.”
Suleide espera que o caso chegue a um final longo, para o filho poder retomar a vida. “Os trabalhos que ele conseguiu depois do mal-entendido foram com a ajuda de amigos que trabalhavam nas empresas. Quero que ele não precise mais implorar e ter de provar a inocência cada vez que precisar de um emprego.”
Equívocos
Na época, as funcionárias da loja estranharam a atitude de Pontes quando foi acusado. A suspeita virou acusação depois de uma cliente ter comentado que “viu um volume” por baixo da camiseta do rapaz. Na verdade, o “volume” era a carteira dele. O achocolatado, que ele realmente levava consigo, tinha sido pago.
O ônibus no qual o rapaz estava foi abordado por PMs poucos metros depois da loja. Na ocasião, a irmã de Pontes, Ivani de Oliveira Pontes, relatou que os próprios policiais disseram que quase atiraram, porque o rapaz não respondia às ordens. “Ele ficou muito assustado com a situação.”
No período em que ficou preso no 2º Distrito Policial, Alexandre Pontes foi agredido por outros detentos que participavam de uma tentativa de fuga.
Fonte: Jornal de Londrina
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