Bombeiros somam 146 acidentes envolvendo ônibus e bicicletas neste ano – 121 pessoas ficaram feridas. Um caso ocorreu ontem.
Priscila Forone/Gazeta do Povo
Mancha de sangue ficou no asfalto após uma ciclista ser atropelada ontem por um biarticulado
em um cruzamento no Centro de Curitiba
Não é de hoje que as canaletas – corredores exclusivos para a circulação de ônibus –, ruas e avenidas movimentadas substituíram as ciclovias em Curitiba. A ausência de infraestrutura cicloviária na capital tem obrigado os ciclistas a dividirem o mesmo espaço com carros, ônibus e motos. Uma aventura extremamente perigosa.
Estatísticas do Corpo de Bombeiros revelam que, neste ano, 121 pessoas ficaram feridas em 146 acidentes envolvendo ônibus e bicicletas em Curitiba. O último aconteceu na manhã de ontem, no cruzamento da Avenida Sete de Setembro com a Rua Lourenço Pinto, no Centro. Uma mulher de 24 anos ficou ferida ao ser atropelada por um biarticulado. Houve ainda 307 acidentes entre bicicletas e outros veículos nesse período.
Para Luís Cláudio Patrício, coordenador do Grupo Transporte Humano e um dos fundadores da União dos Ciclistas do Brasil, a ideia da bicicleta como meio de transporte urbano ganhou força nos últimos anos. Entretanto, não há estrutura cicloviária nem medidas para tornar o trânsito compatível com a bicicleta. “Além de concentrarem as áreas com maior oferta de serviço, produtos e até mesmo residências, as canaletas possuem relevo suavizado e são facilmente identificáveis, servindo como pontos de referência, o que é fundamental para quem anda de bicicleta”, diz. Não faltam propostas para tornar esses espaços mais amigáveis aos ciclistas”, defende.
O tenente-coronel Loemir Mattos de Souza, comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), explica que a maioria das colisões são provocadas pela imprudência dos ciclistas. “O ideal é que o ciclista não use as ruas e não trafegue na canaleta. É proibido e perigoso”, diz.
Para coibir a prática, conta o comandante, o BPTran e a Diretoria de Trânsito (Diretran) fazem blitze periódicas em toda a cidade. “Alguns acidentes são provocados pelo excesso de confiança dos ciclistas. É importante que cumpram as regras de circulação, como trafegar pela direita. E usem sempre as vias secundárias, laterais”, explica. Outra dica é para que os ciclistas usem os equipamentos de segurança, como capacete.
Plano cicloviário
Integrar faixas para ciclistas nas canaletas vai virar uma realidade em Curitiba, explica a gestora de Mobilidade Urbana da Urbs, arquiteta Olga Mara Prestes. O primeiro projeto, uma ciclofaixa de 8 quilômetros ligando a Linha Verde ao terminal do Carmo, está aguardando apenas algumas obras de correção no trajeto para sair do papel. “Será um espaço bem sinalizado, com o piso vermelho, uma iluminação diferenciada, nos dois sentidos do tráfego”, diz.
Segundo Olga, a Urbs e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) estão investindo cada vez mais na bicicleta como uma opção de modal. Uma prova disso é a discussão sobre o Plano Diretor Cicloviário, que prevê a criação de uma nova malha de ciclofaixas e ciclovias e a revitalização dos 100 quilômetros existentes. “A intenção é criar uma rede de ciclovias que se integrem”, conta.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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