terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sem ciclovia, ciclistas se arriscam.

Bombeiros somam 146 acidentes envolvendo ônibus e bicicletas neste ano – 121 pessoas ficaram feridas. Um caso ocorreu ontem.

                                                                                                       Priscila Forone/Gazeta do Povo
             Priscila Forone/Gazeta do Povo / Mancha de sangue ficou no asfalto após uma ciclista ser atropelada ontem por um biarticulado em um cruzamento no Centro de Curitiba
                 Mancha de sangue ficou no asfalto após uma ciclista ser atropelada ontem por um biarticulado
                 em um cruzamento no Centro de Curitiba

Não é de hoje que as canaletas – corredores exclusivos para a circulação de ônibus –, ruas e avenidas movimentadas substituíram as ciclovias em Curitiba. A ausência de infraestrutura cicloviária na capital tem obrigado os ciclistas a dividirem o mesmo espaço com carros, ônibus e motos. Uma aventura extremamente perigosa.

Estatísticas do Corpo de Bom­bei­­ros revelam que, neste ano, 121 pessoas ficaram feridas em 146 acidentes envolvendo ônibus e bicicletas em Curitiba. O último aconteceu na manhã de ontem, no cruzamento da Avenida Sete de Setembro com a Rua Lourenço Pinto, no Centro. Uma mulher de 24 anos ficou ferida ao ser atropelada por um biarticulado. Houve ainda 307 acidentes entre bicicletas e outros veículos nesse período.

Para Luís Cláudio Patrício, coordenador do Grupo Transporte Humano e um dos fundadores da União dos Ciclistas do Brasil, a ideia da bicicleta como meio de transporte urbano ganhou força nos últimos anos. Entretanto, não há estrutura cicloviária nem medidas para tornar o trânsito compatível com a bicicleta. “Além de concentrarem as áreas com maior oferta de serviço, produtos e até mesmo residências, as canaletas possuem relevo suavizado e são facilmente identificáveis, servindo como pontos de referência, o que é fundamental para quem anda de bicicleta”, diz. Não faltam propostas para tornar esses espaços mais amigáveis aos ciclistas”, defende.

O tenente-coronel Loemir Mattos de Souza, comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), explica que a maioria das colisões são provocadas pela imprudência dos ciclistas. “O ideal é que o ciclista não use as ruas e não trafegue na canaleta. É proibido e perigoso”, diz.

Para coibir a prática, conta o comandante, o BPTran e a Diretoria de Trânsito (Diretran) fazem blitze periódicas em toda a cidade. “Alguns acidentes são provocados pelo excesso de confiança dos ciclistas. É importante que cumpram as regras de circulação, como trafegar pela direita. E usem sempre as vias secundárias, laterais”, explica. Outra dica é para que os ciclistas usem os equipamentos de segurança, como capacete.

Plano cicloviário
Integrar faixas para ciclistas nas canaletas vai virar uma realidade em Curitiba, explica a gestora de Mobilidade Urbana da Urbs, arquiteta Olga Mara Prestes. O primeiro projeto, uma ciclofaixa de 8 quilômetros ligando a Linha Verde ao terminal do Carmo, está aguardando apenas algumas obras de correção no trajeto para sair do papel. “Será um espaço bem sinalizado, com o piso vermelho, uma iluminação diferenciada, nos dois sentidos do tráfego”, diz.

Segundo Olga, a Urbs e o Ins­tituto de Pesquisa e Plane­­ja­mento Urbano de Curitiba (Ippuc) estão investindo cada vez mais na bicicleta como uma opção de modal. Uma prova disso é a discussão sobre o Plano Diretor Cicloviário, que prevê a criação de uma nova malha de ciclofaixas e ciclovias e a revitalização dos 100 quilômetros existentes. “A intenção é criar uma rede de ciclovias que se integrem”, conta.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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