Categoria reclama que estava sendo punida por improvisar formas de diminuir o frio nas estações-tubo da cidade.
O prefeito Luciano Ducci (PSB) determinou que a Urbanização de Curitiba (Urbs) suspenda imediatamente as multas administrativas contra os cobradores que improvisam formas para se proteger do frio nas estações-tubo. “Não se pode multar alguém por sentir frio", afirma Ducci, em nota divulgada pelo site da prefeitura.
O prefeito ainda solicitou uma revisão no estatuto que rege a atividade de motoristas e cobradores de ônibus. As medidas ocorreram após uma conversa com o presidente da Urbs, Marcos Isfer. "Confio na competência e na sensibilidade da equipe da Urbs para resolver o mais breve esta situação", diz Ducci.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Dino Cesar Morais de Mattos, pedidos sobre os números oficiais de multas estão sendo feitos para a Urbs, prefeitura e empresas de ônibus há oito meses. Um departamento recém criado no sindicato está realizando desde junho um acompanhamento sobre o número de multas sofridas pelos motoristas e cobradores.
De acordo com Mattos, até esta quinta-feira (25) o sindicato apresentou 77 recursos para tentar reverter decisões de multas desfavoráveis aos cobradores e motoristas só em agosto. Em julho foram 17 recursos e, em junho, 49. “O número certamente é muito maior, isso é só o que chega ao sindicato e nós recorremos”, explica.
Segundo o vice-presidente do sindicato, não é possível precisar quantas multas foram aplicadas em trabalhadores que tentavam se proteger do frio. Ele explica que cada punição se enquadra em uma categoria. Caso o cobrador tenha usado uma jaqueta por cima do uniforme, por exemplo, caracteriza uniforme incorreto, mas se ele coloca cortinas no tubo a irregularidade está na descaracterização de equipamento.
A Urbs explica que as multas são aplicadas às empresas, com quem são estabelecidos os contratos. Mas Mattos argumenta que é “muito comum” as empresas repassarem as multas aos funcionários que recebem descontos no pagamento. Ele ainda alega que muitas multas são injustas. “Se a caixa de som do final do ônibus não está funcionando, a multa vai para o motorista”, reclama.
Segundo a Urbs, são aplicadas, em média, 31 multas por mês por atraso nos ônibus. O atraso sem justificativa só é passível de multa quando o motorista está parado no ponto e não sai no horário estabelecido. A Urbs garante que não há multa por atraso na chegada, em função de trânsito e outros fatores que dificultam o trajeto.
A Urbs ainda garante que motoristas com cobertores não são multados e que estão sendo estudadas formas de melhorar a condição dos trabalhadores, como já é feito em parte da Linha Verde, onde os tubos são climatizados. Para a empresa, situações envolvendo multas por trabalhadores que tentavam se proteger do frio são “casos isolados”.
O Sindimoc planeja uma manifestação na próxima quarta-feira (31). Representantes da categoria vão se encontrar em frente ao sindicato, na Rua Tibagi, no Centro, e vão caminhar até a prefeitura, no Centro Cívico, para cobrar um encontro com o prefeito e entregar uma pauta com reivindicações da categoria. “Nossa categoria está há mais de 20 anos esquecida”, avalia Mattos.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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