quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Boletim eletrônico chegará enfim ao Paraná.

O registro de furtos de veículo, celular e documentos poderá ser feito pela internet, a partir de setembro.

                                                                                                                               Wilson Elias/DGP
             Wilson Elias/DGP / A delegacia eletrônica de São Paulo funciona há 11 anos: 4mil solicitações por dia e atendimento 24 horas
                 A delegacia eletrônica de São Paulo funciona há 11 anos: 4mil solicitações por dia e
                 atendimento 24 horas

Com 11 anos de atraso em relação a São Paulo, o Paraná será o último estado do país a implantar sua delegacia virtual, em setembro. As pessoas vão poder fazer o Boletim de Ocorrência (B.O.) pela internet, informando furto de veículos, perda ou furto de documentos, desaparecimento de pessoa e furto de celular, sem a necessidade de comparecer a uma delegacia para prestar a queixa. O sistema foi desenvolvido pela Companhia de Informática do Paraná (Celepar), junto com uma equipe da Se­­cretaria de Estado da Se­­gu­rança Pública. A experiência começará por Curitiba.

Em São Paulo, pioneiro do sistema, a Secretaria de Gestão Pública criou até um site (
www.relogiodaeconomia.sp.gov.br) que simula o quanto a pessoa economiza ao fazer um boletim pela internet em vez de ir a uma delegacia convencional. Quem leva cinco minutos para preencher o Boletim Eletrônico de Ocorrência (BEO) em banda larga economiza R$ 15,07 caso tivesse de ir de carro à delegacia. Usando transporte público, a economia sobe para R$ 19,67. Pelo volume de registro acumulado desde 2000, São Paulo já economizou R$ 31 milhões e os cidadãos, R$ 46 milhões. Essa economia se deve às 4.120.710 avaliações feitas entre 2000 e o último dia 15 de agosto, das quais 2.766.506 resultaram em BEO (a maioria, perda e furto de documento).

São Paulo foi o primeiro estado a implantar a delegacia virtual, lá chamada de Delegacia Eletrônica, e tem servido de mo­­delo para os demais. Depois que a vítima transmite as informações on-line, um policial entra em contato, confirma alguns dados e registra o BEO. A central da delegacia eletrônica funciona durante 24 horas, com uma equipe de 98 policiais e uma delegada, equipados com 28 computadores.

Mais experiências
Outros estados também têm apresentado bons resultados. Em Mato Grosso do Sul, a delegacia virtual alcançou o segundo lugar no ranking de maior número de registros da Polícia Civil, com 60 mil ocorrências registradas desde 2008, contando com cinco policiais no efetivo. Em 2010 foram registradas 17.751 ocorrências, 33% a mais que em 2009. Do total, 1.141 foram de furto simples, 16.589 por extravio e 21 desaparecimentos de pessoas.

Nos sete primeiros meses deste ano, a delegacia virtual do es­­tado de Mato Grosso somou 22.238 boletins de ocorrência, denúncias e comunicação de desaparecimentos. Dezoito mil registros foram validados e 4.239 descartados por inconsistência nos dados. Houve 81% de aumento em relação ao mesmo período de 2010. Nesse período, foram 17 mil registros de perda ou extravio de documentos, 546 comunicações de furto ou extravio de celular, 416 registros de furto ou extravio de placas de veículos, 110 denúncias e 19 comunicados de desaparecimento.

O boletim gerado pela delegacia virtual tem o mesmo valor jurídico daqueles confeccionados nas delegacias físicas. O B.O. é o documento que dá início à fase pré-processual de apuração de um crime, possibilitando a instauração do inquérito policial. Ele também fornece dados para as estatísticas do poder público, que poderá desenvolver políticas de segurança.

Furto de veículos
30% dos casos vão para a web
A Delegacia Eletrônica deu tão certo em São Paulo que três de cada dez furtos de carros ocorridos no estado são registrados via internet. São 4 mil solicitações por dia, ainda que nem todas virem um Boletim Eletrônico de Ocorrência (BEO). Esse serviço tornou-se tão essencial que já não é possível imaginar a segurança pública paulista sem a delegacia virtual, e não só porque a internet se incorporou ao cotidiano das pessoas. Ela ajudou a melhorar o planejamento e as ações da polícia.

Os BEOs ajudaram a reduzir o volume de trabalho nas delegacias físicas e estimularam o cidadão a registrar as ocorrências, evitando as subnotificações que tanto atrapalham as estatísticas sobre criminalidade. Com menos volume de trabalho, as delegacias físicas puderam melhorar o atendimento e dedicarem-se aos casos que exijem avaliação mais direta e imediata dos policiais. “Sobram policiais para a investigação”, avalia a coordenadora da Delegacia Eletrônica, a delegada Adriana Liporoni.

Segundo Adriana, a tendência é de que no futuro a maioria dos crimes sejam tratados na delegacia virtual. Todos os BEOs vão diretamente para o registro digital de ocorrências, alimentando o Infocrim, banco de dados informatizado que mapeia os crimes no estado. A delegada observa que isso ajuda a planejar as ações da polícia porque a estatística permite estabelecer uma tendência da criminalidade e antecipar as futuras ocorrências. A Delegacia Eletrônica de São Paulo atendeu a 822 mil solicitações em 2010 e deve passar de 1 milhão neste ano. Por isso, o serviço deve ser ampliado, passando de 28 para 45 pontos de atendimento (computadores).

Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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