Abandonado, mas não esquecido, estádio interessa ao Coritiba. Conselho Fiscal da FPF até já autorizou a venda para o clube.
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Pinheirão, estádio da Federação Paranaense de Futebol, mas repleto de problemas
judiciais (como penhoras), deve ser vendido para o Coritiba – porém, as partes negam
a negociação
Interditado há pouco mais de quatro anos, o Estádio Pinheirão, propriedade da Federação Paranaense de Futebol (FPF), está próximo de ganhar um novo dono. O Coritiba é o interessado na praça esportiva, o que acarretaria em uma mudança coxa-branca para o Tarumã.
A proposta de negociação corre nos bastidores. Uma empresa ligada ao Coxa seria a responsável pelo capital necessário. A FPF vê com bons olhos a transferência do Pinheirão para o clube – a ideia de negociação, inclusive, já foi aprovada, há cerca duas semanas, pelo Conselho Fiscal da entidade.
O próximo passo é levar a proposta de negociação a uma assembleia geral, com a presença dos filiados do futebol paranaense.
A FPF e o Coritiba, oficialmente, negam a informação apurada. “O Pinheirão hoje não é do nosso interesse. O clube não tem dinheiro para fazer esse investimento e o esforço é para, nos próximos três anos, quitar os débitos. No momento, não precisamos investir em estádio”, diz o vice-presidente do clube, Vilson Ribeiro de Andrade.
“Não existe nada disso, não sei dessa proposta. Faz pelo menos uns quatro meses que não falo com o [Jair] Cirino [presidente do Coritiba], nem com o Vilson”, despista o presidente da FPF, Hélio Cury.
A prefeitura de Curitiba, que teria direito a reivindicar parte do terreno, não quis se manifestar sobre o assunto.
Apesar das negativas, as conversas existem, mas são tratadas com extremo sigilo e envolvem poucas pessoas. O acerto é considerado praticamente fechado com o Coritiba.
A ideia de fazer do Pinheirão propriedade coxa-branca não é nova no Alviverde: já foi cogitada em 2009, ano do centenário coritibano. Na ocasião, após a empresa W/Torre desistir do investimento em um novo Couto Pereira, o Coritiba buscou parceiros para a formulação de um projeto para um estádio em uma área maior, no caso a do Pinheirão.
Um ‘Pinheirão Alviverde’ também sempre rondou as conversas envolvendo o estádio de Curitiba para a Copa de 2014. Ante a incerteza da modelagem que seria adotada para a conclusão da Arena da Baixada (situação definida no Atlético apenas no início desta semana), a praça do Tarumã era considerada o “plano B” da cidade.
Na quarta-feira, Vilson Ribeiro de Andrade esteve reunido com o ministro do Esporte, Orlando Silva. Um dos assuntos tratados foi o Mundial de 2014. O dirigente, porém, afirma que o encontro foi apenas uma visita de cortesia ao ministro, para apresentar os planos do novo CT coxa-branca.
“Abandono” e “dívidas” são duas palavras diretamente relacionadas ao que é o Pinheirão atualmente (veja mais sobre o histórico ao lado). Desde 2007, o local está esquecido. Para piorar, a Federação Paranaense acumula pendências financeiras, com o terreno do estádio penhorado em razão de débitos com INSS e IPTU. A dívida é estimada em cerca de R$ 50 milhões.
A aprovação no Conselho Fiscal da FPF mostra que a intenção da entidade é mesmo de vender o estádio e, desta forma, conseguir se livrar das dívidas. As duas áreas do Pinheirão – uma doada pela Prefeitura e outra concedida em contrato particular – possuem um valor de mercado de pouco mais de R$ 80 milhões.
Histórico
Lacrado pela Justiça desde o dia 30/5/2007, o Pinheirão deve ser negociado em breve para o Coritiba. Acompanhe o nascimento, sobrevida e morte do estádio:
Doações
O terreno do estádio é constituído de duas matrículas: 1.774 e 1.773. A primeira foi doada pela prefeitura à Federação de Futebol – na época presidida por José Milani – em 1969. A segunda foi doação particular.
Exigências
De acordo com a Lei de Doação 3.583, entre outras exigências, a FPF teria de entregar um estádio para 120 mil pessoas em seis anos. Em caso do não cumprimento das exigências, o estádio e o terreno, incluindo benfeitorias, deveriam ser reincorporados ao patrimônio público sem indenização. A Prefeitura jamais buscou essa devolução.
Dívidas
A obra começou a ser executada em 1972, mas ficou parada por 13 anos, por falta de recursos. Em 1985, Onaireves Moura foi eleito presidente da FPF, e resolveu reconstruir o Pinheirão. A entidade deixou de pagar os encargos sociais e acumulou dívidas com IPTU e INSS, além de outras ações, que já chegam a R$ 50 milhões.
Penhoras
Na década de 90 começaram a ser executadas as penhoras sobre as duas matrículas, como garantia de pagamento das dívidas.
Valor
As duas áreas somadas, um total de 124 mil metros quadrados, estão avaliadas juntas em R$ 80,3 milhões.
Auge
Em novembro de 2003 o Pinheirão teve seu momento de glória: pelas Eliminatórias da Copa de 2006, o Brasil empata por 3 a 3 com o Uruguai.
Copa 2014
Em 2007, o projeto de um “novo Pinheirão” foi indicado para abrigar os jogos da Copa em Curitiba.
Esquecimento
No dia 30 de maio daquele ano, a praça esportiva foi interditada por falta de segurança e, desde então, nunca mais liberada.
Volta?
Conselho Fiscal da Federação Paranaense de Futebol aprova a venda do estádio. Entidade mantém em sigilo quem é o interessado – tudo indica, o Coritiba.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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