segunda-feira, 4 de julho de 2011

Moradores da 'cidade nova' em Londrina têm fim de semana de muito trabalho.

O Residencial Vista Bela, o mais novo bairro de Londrina, recebe as primeiras famílias, e o desafio, por enquanto, é a convivência.

            Roberto Custódio / Jornal de Londrina / Residencial Vista Bela: 2.700 moradias

Foi com “champagne” – na verdade uma cidra de supermercado – que a família da aposentada Maria Aparecida da Silva, 82, comemorou a chegada na diminuta, mas providencial casa no Jardim Vista Bela, uma quase-cidade na zona norte, erguida onde Londrina faz a curva, na divisa com Cambé. Quando tudo estiver entregue, o local terá mais de 12 mil habitantes.

Por enquanto, pouco mais de 100 das 2.056 casas a serem entregues até dezembro já estão liberadas para os novos moradores. Outros 656 apartamentos, divididos em 41 blocos de prédios, completam o novo residencial. Em uma das casas, a aposentada Maria Aparecida da Silva oferece um “copo de champagne” à reportagem. “Tem que comemorar a vida nova”, diz. Nas lembranças que ficam para trás, a vida em uma garagem sem chuveiro nem banheiro no Jardim Santiago, zona oeste. “Chovia mais dentro que fora”, conta a moradora, na comemoração com o filho, a nora, o genro, a irmã e a neta – visitas apertadas e felizes na pequena sala de estar da casa nova de dona Maria.
De longe, não há como não se impressionar com o Residencial Vista Bela. Próximo à linha férrea tem-se a melhor visão da cidade nova – ainda sem posto de saúde e escola. Ontem, no primeiro domingo de mudança, dezenas de carros circulavam pelas três novas ruas abertas no mapa de Londrina. “Estou aqui de turista mesmo”, diz o pintor Vicente Valdivino, 48, que veio “dar uma olhadinha” no bairro para onde amigos se mudarão em breve. “Ficou muito interessante. Bonito de ver os aquecedores no teto das casas”, comenta.

No novo residencial, a conta de luz promete ser pequena: painéis captam a luz solar e aquecem a água do chuveiro. A garantia dada aos moradores é que uma hora de sol torna possível banho quente por três dias. “Já vou testar esse chuveiro aí. Dizem que esquenta até no inverno”, brinca Gilberto José de Souza, 47, mudança toda ainda na frente da nova casa. Saído do Jardim Santa Fé, Gilberto conta como era antes: “No barraco de madeira era chuva, lama, rato. Não tinha luz nem água. Era uma vida desgraçada”, lembra ele, querendo esquecer.

Para os novos moradores, a grande preocupação do momento é cercar as casas com muros. Ontem, a família da diarista Jane Mara Faria, 42, tomava as medidas da frente da casa de esquina. “Tem que deixar o recuo e fazer tudo certinho”, preocupa-se Alex Faria, o marido e encarregado dos retoques gerais que ainda faltam. A família Faria faz mágica para acomodar todo mundo no espaço de 34,42 metros quadrados: nada menos que sete pessoas agora vivem ali. “Apertado era antes onde a gente estava. Isso aqui a gente tira de letra”, diz sorrindo a diarista Jane.

Bairro já nasce com velhos problemas urbanos
A chegada dos moradores ao Jardim Vista Bela traz, com a vida nova, velhos problemas. Ontem, primeiro fim de semana de mudança para quem chega, a desordem urbana já era a tônica do pedaço: som alto pelas ruas, lixo e entulho em qualquer lugar, falta de regras mínimas de convivência.

“A gente vai tocando assim mesmo. Todo mundo aqui já está acostumado porque na vila de onde cada um veio é igual”, diz Elaine Sanches, 19, ao lado do irmão Lucas Ferreira Sanches, 18, no Opala da família “com o som no último”, do jeito que gosta. “Não incomoda o vizinho não”, garante. Só esqueceu de combinar com Juvelino Soares, 62, morador lateral que olha meio torto da janela. “Se cada um fizer o que gosta, não dá certo. Quero logo construir meu muro”, comenta o vendedor ambulante.

O muro parece ser mesmo um equipamento essencial as casas, em terrenos apertados, não permitem o mínimo de privacidade. Além do muro, há outras tarefas para os moradores: o bairro foi entregue sem árvores, sem calçadas e sem áreas verdes – e não há como escapar de pisar na terra nua, deixando as casas enlameadas com facilidade. Com muita terra descoberta, em breve, a Prefeitura de Londrina terá uma nova fila de bueiros entupidos no bairro novo, onde o serviço de limpeza, como em toda cidade, não chegará.

Fonte: Jornal de Londrina

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Éhh a Vista não está muito Bela! Além de Postos de saúde, crechês, tem que pôr um Posto Policial, pois com tanta gente fazendo o que quer, a nova cidade vai se transformar na Nova Favela.