domingo, 31 de julho de 2011

Estratégia para ir ao banheiro no centro de Curitiba.

Quem fica apurado na região central de Curitiba precisa recorrer a lojas ou prédios, já que há poucos sanitários públicos na cidade.

                                                                                              Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
             Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo / Banheiro na Praça Rui Barbosa: poucas opções geraram debate entre vereadores
                 Banheiro na Praça Rui Barbosa: poucas opções geraram debate entre vereadores

Quem circula pela região central de Curitiba e sente vontade de ir ao banheiro precisa ser estratégico. O mais comum é contar com a solidariedade de comerciantes dos arredores e recorrer às lojas e prédios, já que não há muitos banheiros públicos em funcionamento. São apenas 10 na região central, e metade deles cobra pelo uso. Mas há quem desista de viver no improviso e passe a controlar a bexiga.

É o caso do pipoqueiro João Carlos Ribeiro, 52 anos, que trabalha na praça Rui Barbosa, no centro da capital paranaense. De tanto segurar a vontade de ir ao banheiro, desenvolveu problemas renais. Durante o expediente, das 13 às 21 horas, ele vai apenas uma vez ao banheiro. “É muito caro, não dá para ficar pagando R$ 0,50 todas as vezes que vou”, diz.


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  • O problema do pipoqueiro se agrava no fim de semana. Ribeiro conta que o banheiro público mantido pela Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) na Rua da Cidadania, fecha. “Aí eu tenho que pagar R$ 1 nos bares. Não tenho condições”, desabafa.

    Antonio Cesar Leal, 34 anos, que trabalha em uma banca de jornais na mesma praça, também sofre com a falta de banheiro. Mas, ao invés de pagar, fez um acordo com comerciantes. “O problema é deixar a banca. Se estou sozinho, não tenho outra opção, tenho que fechar. Posso perder vendas, clientes. É complicado”, relata. Sobre o acordo com os comerciantes, ele conta que foi a única forma de não perder dinheiro. “Se eu for duas, três vezes, são R$ 1,50 por dia. É caro”, protesta.

    Debate
    A rotina dessas pessoas poderia ser diferente se mais banheiros públicos fossem instalados no calçadão da Rua XV ou na Marechal Deodoro, e se fossem realmente públicos, ou seja, gratuitos. Em maio deste ano, os banheiros pautaram uma discussão na Comissão de Urbanismo e Obras Públicas da Câmara Municipal de Curitiba. “Faltam banheiros públicos na cidade, sim. No Centro o problema é crítico. São poucas instalações para um grande número de pessoas transitando”, afirma o vereador Jonny Stica (PT), presidente da Comissão.

    Antonio Miguel Espolador Neto, vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) e coordenador do programa Centro Vivo, avalia que o número de banheiros é insuficiente. “Não atende à demanda de turistas e clientes que vêm para o centro de Curitiba. E a prefeitura não colabora”, diz.

    Na opinião do coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, Orlando Pinto Ribeiro, os banheiros são necessários, já que o centro de Curitiba concentra uma diversidade comercial grande. “Os banheiros não precisam ser grandes, mas bem distribuídos”, comenta. Para Orlando, uma possibilidade de manter banheiros gratuitos seria vinculá-los a outro tipo de serviço. “Poderia associar o banheiro com comércios próximos. Eles ficariam responsáveis pela manutenção. Outra sugestão seria explorar o espaço comercialmente, com publicidade”, opina.

    Para o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Hardt, o banheiro público é necessário, mas acaba se tornando um mobiliário dispensável quando não é bem planejado ou mantido. “Caso ele não seja bem cuidado, torna-se um fator de expulsão da população. A existência dele é positiva, mas com cuidados.”

    Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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