Meta é ter uma doação por dia. Atualmente, 104 pessoas aguardam por um transplante de córnea, em Londrina.
Foto divulgação
O Banco de Olhos Regional de Londrina iniciou ontem uma campanha para aumentar o número de doadores de córneas e diminuir a fila de espera por transplante. Em funcionamento há 100 dias o banco tem, em média, uma doação a cada dois dias. A meta da campanha é ter uma doação por dia. Podem ser doadoras pessoas entre 3 e 70 anos de idade.
“Doar, infelizmente, ainda é uma questão cultural. A doação ainda esbarra em tabus, problemas éticos, sociais e religiosos. Muitas pessoas já poderiam estar enxergando se houvesse uma maior conscientização”, considerou o médico Sérgio Pacheco, coordenador do Banco de Olhos. Atualmente, na regional de Londrina, 104 pessoas aguardam por transplante. No Paraná, somando a espera em Londrina e região, a fila de pacientes que aguardam uma córnea é de 476 pessoas, sendo 44 em Maringá; 58 em Cascavel; além de 270 em Curitiba.
O Banco de Olhos Regional de Londrina, que atende no Hospital Universitário, realizou em 100 dias, 40 transplantes de córneas. Uma menina de 13 anos foi a mais nova e um senhor de 93, o mais velho a receber córneas do banco.
A campanha “A doação de olhos ilumina a vida de muitas pessoas” estará em cartazes, ônibus e outros locais de grande visibilidade. A intenção é conscientizar a população em geral da importância da doação de órgãos. “O ideal é termos um doador a cada dia para diminuir a espera para no máximo 6 meses, com uma redução de até 90% da lista de espera”, comentou Pacheco.
No caso da doação de córnea, o globo ocular pode ser retirado até 6 horas após o óbito (em corpo não refrigerado) e até 24 horas após a morte (em corpo refrigerado).
Atualmente, apenas os hospitais estão habilitados a fazer a retirada do globo ocular, mas segundo a coordenadora da comissão regional da procura de órgãos e tecidos do HU, Ogle Bacchi, já existe um projeto para que os institutos médicos legais (IMLs) estejam equipados para efetuar o procedimento pré-transplante. “Dentro dos hospitais, estamos conseguindo que equipes abordem a família, tentando a doação de órgãos. Esperamos que cada vez se torne mais frequente e mais comum doar”, afirmou Ogle.
O médico Sérgio Pacheco foi responsável pelos transplantes de córneas da analista de marketing Maria Fernanda Lázaro Evangelista, hoje com 33 anos. Em 2004, ela aguardava havia quatro anos por um transplante para curar o problema nos olhos acometidos por ceratocone, uma doença não-inflamatória degenerativa das córneas.
“Descobri o problema aos 15 anos, comum para pessoas com grau elevado de astigmatismo. Eu tinha 22 anos e apareceu um doador, de Ibiporã e fiz a cirurgia no olho direito”, contou Maria Fernanda.
Pouco mais de um ano, após a recuperação plena da visão, ela retornou para a fila de transplantes, aguardando outros dois anos até aparecer outro doador, de Cascavel, para o transplante que recuperaria a visão do olho direito. “Fiz a cirurgia em 2008 e está tudo bem. Espero que o tempo de espera caia com essa nova campanha. Acredito que ainda falta muita informação e é sempre bom termos campanhas de conscientização para um problema que pode ser simples de resolver”, afirma.
Fonte: Jornal de Londrina
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