Especialistas dizem que cidade precisa se enxergar como pólo e trabalhar em conjunto com os municípios que a cercam, para que siga tendo qualidade de vida.
Fábio Dias/Gazeta Maringá
O Codem avalia que a cidade não deve ultrapassar a marca de
500 mil habitantes
Maringá, cidade que ganhou fama por ser próspera e planejada, cresceu mais rapidamente do que esperado e agora se preocupa com os anos que estão por vir. O desafio principal é seguir crescendo, mas sem perder a privilegiada condição de oferecer qualidade de vida a seus habitantes.
O caminho para que isso aconteça não é totalmente conhecido. Especialistas ouvidos pela Gazeta Maringá, porém, apontam para um norte comum: a cidade precisa se enxergar como pólo e trabalhar em conjunto com os municípios que a cercam, como Sarandi e Paiçandu, que, juntos, têm quase 120 mil habitantes.
Tal diagnóstico também está presente no estudo “Maringá 2030”, feito pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem). O trabalho defende que o controle de crescimento só é possível com investimentos que proporcionem condições de emprego e moradia em outras cidades da região, impedindo um fluxo migratório excessivo para Maringá.
Uma das ações possíveis para tornar isso realidade é estimular a instalação de empresas nos municípios menores. “Há uma demanda muito grande de empresas que querem se instalar em Maringá, mas não há espaço suficiente para elas aqui. Se houver infraestrutura, as empresas poderão se instalar nas cidades menores. É possível até mesmo diminuir o custo de produção nesses locais”, afirma o ex-coordenador da Região Metropolitana de Maringá (RMM) Renato Machado.
Para estimular que isso ocorra, o estudo do Codem mapeou as condições de infraestrutura para a construção de parques industriais e a instalação de empresas nas 25 cidades que formam a RMM, que tem uma população de cerca de 700 mil habitantes.
Transporte
Outra ação necessária, conforme os estudiosos, é integrar o transporte coletivo das principais cidades da Região Metropolitana. “A empresa de transporte que atuar em Maringá precisa estar preparada para atender aos outros municípios de forma integrada”, diz Renato Machado.
O secretário de Transportes de Maringá, Walter Guerlles, afirma que atualmente 40 mil pessoas utilizam diariamente o transporte público na cidade. Para ampliar o sistema, o secretário cita o trem de passageiros “Pé Vermelho”, que está em fase de estudos e deve ser implantado entre as cidades de Paiçandu e Ibiporã. O ex-coordenador da RMM, porém, ressalva que “o trem só tem sentido se a tarifa for acessível ao trabalhador”.
A urbanista Karin Meneguetti defende que é preciso projetar o transporte de Maringá a partir da estrutura já existente. “Há pelo menos 10 anos ocorre a construção de um grande corredor leste-oeste, na Avenida Horácio Racanello, no Novo Centro. O projeto original prevê um trem conectado aos terminais de ônibus e com a avenida. Não podemos desperdiçar esse investimento.”
Além disso, Karin explica que o projeto está de acordo com o desenho original da cidade. “Acho que os governantes que propõem transferir a linha de ônibus para a Avenida Brasil e quebrar as praças daquela via não conhecem Maringá”, critica.
Até 500 mil
O trabalho do Codem faz ainda uma estimativa, que permite monitorar a relação entre crescimento e qualidade de vida: Maringá conseguirá garantir o sucesso de seu planejamento urbano desde que não ultrapasse a marca de 500 mil habitantes, já alcançada por Londrina.
O risco de a cidade atingir essa marca antes do previsto preocupa, já que, na última década, o município chegou a patamares de crescimento projetados para serem atingidos anos mais tarde. O Censo 2010 mostrou a cidade com 21 mil habitantes a mais do que o projetado pelo IBGE.
A atual coordenadora do Codem, Márcia Santin, explica que isso refletiu nas áreas de educação e saúde: Maringá se tornou um pólo universitário e de atendimento médico antes do que imaginava, o que pode acarretar desequilíbrios e problemas.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo
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