Cerca de 3 mil pessoas que vivem em um raio de dez quilômetros em torno da instalação foram retiradas
Japão alertou que um pequeno vazamento de radiação pode ter ocorrido em um reator nuclear depois do terremoto desta sexta-feira (11). Milhares de moradores da região já foram retirados da área de risco.
VÍDEO: Morador de Londrina busca contato com familiares em Sendai, área mais atingida pelo terremoto
Salientando a grave preocupação com a situação da usina nuclear de Fukushima, cerca de 240 quilômetros ao norte de Tóquio, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que a força aérea dos EUA entregou substâncias refrigerantes para evitar um aumento na temperatura das cápsulas de combustível nuclear da usina, cujo sistema de refrigeração foi danificado pelo tremor.
A pressão que está se formando na usina deve ser liberada em breve, o que pode causar vazamento de radiação, segundo as autoridades. Cerca de 3 mil pessoas que vivem em um raio de dez quilômetros em torno da instalação foram retiradas, segundo a agência de notícias Kyodo.
"É possível que o material radioativo na cúpula do reator possa vazar para o exterior, mas a quantidade deve ser pequena, e o vento soprando em direção ao mar será levado em conta", disse o chefe de gabinete do governo, Yukio Edano, em entrevista coletiva.
O primeiro-ministro, Naoto Kan, deve visitar a usina na manhã de sábado (noite de sexta-feira no Brasil), além de sobrevoar a região atingida pelo terremoto, o maior já registrado no Japão.
Autoridades nucleares disseram que a pressão no interior da usina está 50% acima do nível máximo tolerado. A imprensa relatou que os níveis de radiatividade estão aumentando dentro do edifício onde fica a turbina.
De acordo com a agência de notícias Kyodo, o nível de radiação na unidade de controle central de Daiichi Fukushima está 1.000 vezes acima do normal.
Os problemas na usina de Fukushima evocam temores de que se repita um vazamento nuclear como o de Three Mile Island (EUA) em 1979, o mais grave acidente nuclear na história norte-americana. Especialistas dizem, no entanto, que a situação no Japão é muito menos séria.
Os reatores paralisados por causa do terremoto no Japão respondem por 18% da capacidade de geração de energia nuclear do país - a qual, por sua vez, equivale a 30% de toda a produção energética do país.
Muitos reatores japoneses estão localizados em áreas propensas a terremotos, como os de Fukui e Fukushima, no litoral.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estima que cerca de 20% de reatores nucleares em todo o mundo operem em áreas de atividade sísmica significativa.
A AIEA disse que o setor começou a dar maior ênfase nos riscos externos depois de um terremoto que atingiu a usina japonesa de Kashiwazaki-Kariwa, em julho de 2007 - até então o maior sismo a ter abalado uma usina atômica.
Naquela ocasião, quatro reatores foram automaticamente desligados. Água contendo material radioativo foi despejada no mar, mas sem um efeito adverso sobre a saúde humana ou o ambiente, disse a AIEA.
A empresa Tepco, responsável pela usina de Kashiwazaki-Kariwa, também operava no momento do tremor três dos seis reatores na central nuclear de Fukushima-Daiichi, e todos eles foram desligados.
Um porta-voz acrescentou que não há risco de vazamento de água contaminada com radiação nos outros três reatores da usina, que estavam desativados para uma manutenção regular.
Dia seguinte
A manhã de sábado (12), no horário local, revelou a devastação provocada pelo terremoto e o tsunami de sexta-feira na costa nordeste do Japão. Nesses pontos ainda há incêndios e cidades parcialmente submersas.
O amanhecer - ainda noite de sexta-feira no Brasil - deve revelar toda a extensão dos danos causados pelo tremor de magnitude 8,9 e pelo tsunami de dez metros de altura que varreu vilarejos e cidades.
Em uma das áreas residenciais mais atingidas, era possível escutar pessoas soterradas sob os escombros, pedindo socorro e perguntando quando seriam resgatadas, segundo relato da agência de notícias Kyodo.
Outros tremores
Três fortes terremotos de magnitude superior a 6 atingiram a costa do Japão, próximo à ilha de Honshu, no intervalo de menos de uma hora na madrugada deste sábado (12), pelo horário local.
Eles ocorrem cerca de 13 horas depois de um forte abalo de magnitude 8,9 ter causado um tsunami que devastou áreas no nordeste do arquipélago e causou centenas de mortes.
Os dois primeiros tremores ocorreram com um intervalo de três minutos entre eles, segundo o Serviço Geológico dos EUA, às 3h59 e 4h02 locais deste sábado (15h59 e 16h02 locais de sexta em Brasília), com magnitudes de 6,2 e 6,1. Quarenta e quatro minutos depois, um outro abalo, de magnitude 6,6, atingiu a região.
Segundo testemunhas, os dois primeiros tremores oram sentidos na capital, Tóquio, e em outras localidades, como relata brasileira que está lá.
Os abalos de magnitude 6,2 e 6,6 ocorreram a uma profundidade de 1 km, considerada bastante rasa. Ainda não havia relato sobre novos estragos causados pelas réplicas.
Desde o forte abalo da véspera, mais de 100 tremores secundários de magnitude superior a 5 atingiram a região. As autoridades japonesas haviam alertado a população para a chance de fortes réplicas e orientado moradores a evitarem deslocamentos desnecessários.
Tragédia
O maior terremoto já ocorrido no Japão em 140 anos de medições atingiu na tarde desta sexta-feira (madrugada no Brasil) a costa nordeste do arquipélago, provocando uma onda de dez metros de altura que varreu tudo em seu caminho, incluindo casas, navios, carros e estruturas agrícolas.
Mais de 1.000 pessoas morreram na tragédia, de acordo com a mídia japonesa. Aparentemente, as pessoas morreram afogadas. A dimensão dos danos ao longo de uma extensa faixa costeira e o grande número de desaparecidos indicam que o número de mortos pode aumentar.
Milhares de moradores foram retirados de uma área perto de uma usina nuclear na localidade de Fukushima, a norte de Tóquio, por temores de um vazamento radioativo. Autoridades disseram, no entanto, que o sistema de resfriamento não estava em nível crítico.
Ressaltando a gravidade da preocupação com a usina, a Força Aérea dos EUA entregou líquido resfriador na instalação nuclear, informou a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
Um alerta de tsunami foi emitido ao longo do oceano Pacífico, mas países populosos da região como Taiwan, Austrália e Nova Zelândia já suspenderam o alerta.
Por causa do tsunami, a população japonesa foi orientada a fugir de áreas costeiras para terrenos mais elevados.
Foram registrados incêndios em pelo menos 80 lugares, segundo a agência de notícias Kyodo. Mesmo para um país acostumado a terremotos, a devastação era impressionante.
"Eu fiquei apavorado e ainda estou com medo", disse Hidekatsu Hata, 36 anos, gerente de um restaurante no bairro de Akasaka, em Tóquio. "Eu nunca vivi um terremoto dessa magnitude antes."
O primeiro-ministro Naoto Kan disse a políticos que eles precisam "salvar o país" após o desastre, que segundo ele causou danos profundos em toda a faixa norte do país.
O tremor dividiu uma rodovia perto de Tóquio e derrubou vários prédios no nordeste japonês. Um trem estava desaparecido na região litorânea atingida pelo tsunami.
Um navio que levava 100 pessoas foi levado pelo tsunami, de acordo com a agência Kyodo, e imagens de TV mostraram a força da água, escurecida pelos destroços, carregando casas e carros e levando embarcações do mar para a terra.
Algumas usinas nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em uma refinaria e numa grande siderúrgica.
300 corpos
Cerca de 4,4 milhões de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão, segundo a imprensa. Um hotel desabou na cidade de Sendai, e há temores de que haja soterrados. Na mesma cidade, 300 corpos foram encontrados pela polícia.
Impressionantes imagens de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma grande faixa litorânea perto de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de habitantes. Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram caídos de lado.
Sendai fica a 300 quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não fica muito distante dessa região.
A gigante eletrônica Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas, informou a Kyodo. O Banco do Japão (Banco Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram queda.
Filipinas, Taiwan e Indonésia emitiram alertas de tsunami, reavivando a lembrança do gigantesco maremoto que atingiu a Ásia em dezembro de 2004. O Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico advertiu sobre riscos em países tão distantes quanto Colômbia, Chile e Peru, no outro lado do Pacífico, mas nada se concretizou até o momento. O terremoto no Japão foi o quinto mais forte do mundo no último século.
Houve vários tremores secundários após o terremoto principal. Em Tóquio, os edifícios sacudiram violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade estava em chamas, com dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça.
A emissora NHK mostrou chamas e colunas de fumaça negra saindo de um prédio em Odaiba, um subúrbio de Tóquio, e trens-balas que seguiam para o norte do país parados.
Fumaça escura também encobria uma região industrial em Yokohama. A TV mostrou moradores da cidade correndo para deixar prédios atingidos pelo tremor, protegendo as cabeças com as mãos enquanto destroços caiam sobre elas.
"O prédio sacudiu por bastante tempo e muitas pessoas na redação pegaram seus capacetes e se esconderam debaixo da mesa", disse a correspondente da Reuters em Tóquio Linda Sieg.
"Isso foi provavelmente o pior que eu já vivi desde que vim morar no Japão há mais de 20 anos"
O tremor aconteceu pouco antes do fechamento do mercado em Tóquio, derrubando o índice Nikkei para a cotação mais baixa em cinco semanas. O desastre também prejudicou mercados em outras partes do mundo.
Usina nuclear pode ter vazamento de radiação
A Tokyo Electric Power disse que perdeu sua capacidade de controlar a pressão em alguns dos reatores de uma segunda usina nuclear na cidade de Fukushima, localizada a nordeste do Japão e fortemente atingida por um terremoto.
A pressão está estável dentro dos reatores, mas está subindo nos recipientes de armazenamento, disse um porta-voz, embora não tenha afirmado se há necessidade de liberar a pressão na usina neste momento, o que envolveria a liberação de radiação.
O ministro do Comércio afirmou posteriormente que a empresa considera liberar pressão na usina.
Aeroporto de Narita-Tóquio volta a operar
O principal aeroporto internacional de Tóquio, o de Narita, retomou alguns dos voos, depois de horas de interrupção por causa do terremoto de 8,9 graus desta sexta-feira no país.
Após o sismo, o aeroporto, que fica a cerca de uma hora por trem do centro de Tóquio, removeu todos os passageiros e funcionários da área, depois que as autoridades emitiram um alerta de tsunami.
Todos os voos que deveriam chegar a Narita nesta sexta-feira foram desviados para outros aeroportos.
Unidades petroquímicas são fechadas após terremoto no Japão
A Maruzen Petrochemical afirmou nesta sexta-feira que interrompeu as operações na planta de craqueamento de nafta em Chiba, a leste de Tóquio, após o forte terremoto no Japão. A unidade tem capacidade de produzir 480 mil toneladas por ano de etileno.
A unidade Keiyo de etileno, com capacidade de realizar o craqueamento de 690 mil toneladas de nafta por ano, também foi fechada após o tremor, afirmou o porta-voz da Maruzen.
Fonte: Jornal Gazeta do Povo / Agências Internacionais
Fonte: Jornal Gazeta do Povo / Agências Internacionais
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