Tremor teve magnitude 8,9 na Escala Richter; o maior em 140 anos no país e causou ao menos 300 mortes
O maior terremoto já ocorrido no Japão em 140 anos de medições atingiu na tarde desta sexta-feira (madrugada no Brasil) a costa nordeste do arquipélago, provocando uma onda de dez metros de altura que varreu tudo em seu caminho, incluindo casas, navios, carros e estruturas agrícolas.
- Confira no mapa o local do tremor
Cerca de 300 corpos foram encontrados na cidade costeira de Sendai, no nordeste do país, segundo a emissora de TV NHK. Aparentemente, as pessoas morreram afogadas. A dimensão dos danos ao longo de uma extensa faixa costeira indica que o número de mortos pode aumentar significativamente.
Segundo agência de notícias do país, há cerca de 88 mil desaparecidos.
A Cruz Vermelha disse em Genebra que a parede de água é mais alta do que algumas ilhas do Pacífico, e um alerta de tsunami foi emitido para toda a bacia do oceano, com exceção do Canadá e da parte continental dos Estados Unidos.
A Indonésia, o Estado norte-americano do Havaí e as Filipinas, entre outros, determinaram a desocupação de áreas costeiras.
Países da região como Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, no entanto, já suspenderam o alerta.
Por causa do tsunami, a população japonesa foi orientada a fugir de áreas costeiras para terrenos mais elevados.
Foram registrados incêndios em pelo menos 80 lugares, segundo a agência de notícias Kyodo. A Kyodo também informou que uma embarcação com cem pessoas naufragou por causa do tsunami.
O primeiro-ministro Naoto Kan disse a políticos que eles precisam "salvar o país" após o desastre, que segundo ele causou danos profundos em toda a faixa norte do país.
O tremor dividiu uma rodovia perto de Tóquio e derrubou vários prédios no nordeste japonês. Um trem estava desaparecido na região litorânea atingida pelo tsunami.
Um navio que levava 100 pessoas foi levado pelo tsunami, de acordo com a agência Kyodo, e imagens de TV mostraram a força da água, escurecida pelos destroços, carregando casas e carros e levando embarcações do mar para a terra.
Algumas usinas nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em uma refinaria e numa grande siderúrgica.
O governo do Japão afirmou que um sistema de resfriamento da usina nuclear Fukushima Daiichi, da Tokyo Electric Power, não está funcionando após o terremoto. Os trabalhos para reparar o problema já foram iniciados.
O governo declarou situação de emergência como precaução, mas não há vazamento radioativo e não era esperado por ora algum problema decorrente da falha no sistema, afirmou o secretário da chefia de gabinete, Yukio Edano, a jornalistas.
Cerca de 4,4 milhões de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão, segundo a imprensa. Um hotel desabou na cidade de Sendai, e há temores de que haja soterrados.
A gigante eletrônica Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas, informou a Kyodo. Jatos da Força Aérea foram deslocados para a costa nordeste para determinar a extensão dos danos.
O Banco do Japão (Banco Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram queda
Mar e fogo
Filipinas, Taiwan e Indonésia emitiram alertas de tsunami, reavivando a lembrança do gigantesco maremoto que atingiu a Ásia em dezembro de 2004. O Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico advertiu sobre riscos em países tão distantes quanto Colômbia, Chile e Peru, no outro lado do Pacífico.
O terremoto no Japão foi o quinto mais forte do mundo no último século.
Houve vários tremores secundários após o terremoto principal. Em Tóquio, os edifícios sacudiram violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade estava em chamas, com dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça.
Impressionantes imagens de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma grande faixa litorânea perto da cidade de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de habitantes. Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram caídos de lado.
Sendai fica a 300 quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não fica muito distante dessa região.
A emissora NHK mostrou chamas e colunas de fumaça negra saindo de um prédio em Odaiba, um subúrbio de Tóquio, e trens-balas que seguiam para o norte do país parados.
Fumaça escura também encobria uma região industrial em Yokohama. A TV mostrou moradores da cidade correndo para deixar prédios atingidos pelo tremor, protegendo as cabeças com as mãos enquanto destroços caiam sobre elas.
"O prédio sacudiu por bastante tempo e muitas pessoas na redação pegaram seus capacetes e se esconderam debaixo da mesa", disse a correspondente da Reuters em Tóquio Linda Sieg.
"Isso foi provavelmente o pior que eu já vivi desde que vim morar no Japão há mais de 20 anos".
O tremor aconteceu pouco antes do fechamento do mercado em Tóquio, derrubando o índice Nikkei para a cotação mais baixa em cinco semanas. O desastre também prejudicou mercados em outras partes do mundo.
Ban Ki-moon oferece ajuda da ONU
A Organização das Nações Unidas está pronta para ajudar o Japão de todas as formas necessárias após o terremoto desta sexta-feira, o maior já registrado no país e que provocou um tsunami devastador, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
"O mundo está em choque e entristecido pelas imagens que vimos do Japão nesta manhã", disse o secretário-geral a repórteres. "Vamos fazer tudo que pudermos neste momento de grande dificuldade".
Ban Ki-moon acrescentou que a ONU vai monitorar de perto as réplicas do terremoto ao longo do dia enquanto se prepara para enviar assistência humanitária ao Japão.
Aeroporto de Narita-Tóquio volta a operar
O principal aeroporto internacional de Tóquio, o de Narita, retomou alguns dos voos, depois de horas de interrupção por causa do terremoto de 8,9 graus desta sexta-feira no país.
Após o sismo, o aeroporto, que fica a cerca de uma hora por trem do centro de Tóquio, removeu todos os passageiros e funcionários da área, depois que as autoridades emitiram um alerta de tsunami.
Todos os voos que deveriam chegar a Narita nesta sexta-feira foram desviados para outros aeroportos.
Unidades petroquímicas são fechadas após terremoto no Japão
A Maruzen Petrochemical afirmou nesta sexta-feira que interrompeu as operações na planta de craqueamento de nafta em Chiba, a leste de Tóquio, após o forte terremoto no Japão. A unidade tem capacidade de produzir 480 mil toneladas por ano de etileno.
A unidade Keiyo de etileno, com capacidade de realizar o craqueamento de 690 mil toneladas de nafta por ano, também foi fechada após o tremor, afirmou o porta-voz da Maruzen.
Veja alguns vídeos do momento em que o Japão é atingido pelo terremoto:
Fonte: Jornal Gazeta do Povo / Reuters
Vídeos: YouTube
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